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2017: adeus; 2018: até já

21 de Dezembro de 2017 | Pedro Castro
2017: adeus; 2018: até já
Opinião

2017 entrou na sua fase final. É Dezembro, mês de Natal, de Festas em família, momento de balanço e definição de desejos para o Novo Ano que vai começar, 2018.

Nestas páginas 2017 compreendeu reflexões sobre variados temas, procurando acompanhar os desenvolvimentos que o nosso quotidiano nos vai colocando nas mais diversas dimensões.

Este é um ano que se caracterizou por profundas transformações na Europa e nos seus membros, seja nas políticas internas, com reforço de posições nacionalistas, passando pelo processo Brexit, e culminando no movimento independentista catalão, que ainda antes do Natal se encarregará de encher de ansiedade e incerteza o futuro europeu. Fechamos o ano também com mais um português eleito para liderar um grupo de grande relevância no lóbi europeu, o Eurogrupo, aquele que poderíamos chamar o clube dos ministros das Finanças da Zona Euro, esta zona que ainda não definiu o seu verdadeiro objectivo e ambição, mas que transformou um “patinho feio” num “bom aluno” à custa do seu povo e que agora é premiado com esta nomeação, que alguns chamaram eleição.

As notícias da evolução da economia portuguesa foram sendo sistematicamente positivas e por estas linhas foram-se comentando alguns momentos que pareceram de grande júbilo, mas também de enorme euforia política, mas que a realidade nos preocupa por iniciarmos a repetição dos mesmos erros que nos levaram aos problemas do passado recente. Voltamos a prometer regalias e condições que a nossa riqueza gerada não conseguirá suportar a prazo face ao perfil de desenvolvimento demográfico em curso. Estamos também a verificar a euforia imobiliária, o crédito sem reservas, a descida de spreads, enfim, episódios repetidos, quais cenas dos capítulos anteriores que nos fazem já preocupar com as cenas dos próximos capítulos. Mas sim, 2017 foi um ano de boas notícias económicas, de melhoria dos níveis de confiança, e se aprendermos com as lições do passado, talvez tenhamos as bases de um futuro melhor.

O turismo, a que dedicámos muitas destas linhas, faz fervilhar todo o país, do Minho ao Algarve, Continente e Ilhas, multiplica empreendedores, bate recordes sistemáticos, seja nos já mais de 10 milhões de passageiros que viajam de e para o Aeroporto do Porto, sejam os prémios internacionais para os melhores destinos de curta estância, como Lisboa foi reconhecida nos últimos dias, seja a TAP recebendo Óscares da Aviação, seja o Porto como cidade mais Cool da Europa, os Açores como o novo paraíso descoberto pelos europeus, até ao poder que esta indústria tem na exportação da marca Portugal.

Terminámos o Verão com eleições autárquicas, várias surpresas e mudança à vista na liderança da direita, com a saída talvez estranhamente tardia de Passos Coelho. Grande destaque para a convicção courense do seu caminho e destino, bem como do timoneiro que a gere, com grande notoriedade nacional face à mais expressiva vitória partidária municipal.

Num momento de grande mutação social e mesmo organizacional do mundo, os últimos tempos foram dominados também pelas problemáticas da robotização global, com o Web Summit a trazer para o nosso perímetro de inquietudes a inteligência artificial como movimento consumado e a iniciar consolidação em vez de mera visão futurista. Nos últimos dias surgiu mais uma potencial revolução global com a exponencial afirmação das denominadas criptomoedas, que sem pátria, banco central ou entidade reguladora, entraram no radar de notícias fruto da inclusão da sua negociação em produtos de futuros nos mercados mais relevantes do mundo, nomeadamente em Chicago e Nova Iorque (Wall Street). Esta será uma das grandes curiosidades ao nível da respectiva evolução e afirmação para 2018.

Entretanto aproxima-se o Natal e é tempo de efectivamente reforçar o olhar ao redor, consciencializar para a necessidade do próximo, para as assimetrias sociais, culturais e naturalmente económicas, percebendo-se que o caminho tem mesmo que mudar rapidamente sob pena de colapsarmos o actual modelo. Temos verificado na pessoa do Presidente da República um ênfase particular e especial nas causas junto dos que mais precisam, e permitam que vos refira que tem mesmo de ser esse o nosso foco.

As alterações climáticas estão a vencer-nos, a natureza encarregar-se-á de nos mostrar que o domínio é sempre relativo, pelo que o consumo, o poder, o capital e o dinheiro em geral, sendo úteis hoje, não podem continuar a moldar a sociedade porque esta deixa de ser sustentável com estas premissas.

2018 está quase a chegar! Julgo que temas como Israel e Palestina, Coreia do Norte e Venezuela, alterações climáticas, sejam secas ou tempestades, criptomoedas e indústria 4.0 continuarão na ordem do dia mas, como referido num artigo de Outubro, compete a cada um de nós fazer diferente para gerar a diferença.

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