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Boas férias para todos

23 de Julho de 2024 | Helena Ramos Fernandes
Boas férias para todos
Opinião

Já entrámos, caros leitores, no ansiado período que supostamente se destina ao repouso após um ano de trabalho. Chegaram as férias de Verão. Já aproveitou as suas, caro leitor? Eu, ainda não.

Para os estudantes estas férias, para além de descansarem com muita diversão, é uma fase de transição. E que em algumas situações aportam mudanças bem drásticas. E a mais drástica é quando passam de uma vida de estudante para uma vida laboral, ou da dependência para a independência financeira parcial ou total. É neste período que os filhotes vão dando uso às suas asas, até ao dia em que levantam voo em busca de um novo ninho. Ou não, deixando-se ficar debaixo das asas dos pais esperando por um voo supostamente mais seguro.

E para os trabalhadores, aqueles que bem merecem estes dias de repouso, e que findo os mesmos voltam para a rotina do labor, a maior parte das vezes sem nenhuma mudança relevante. Exceptuando alguns professores, que saltitam de cidade em cidade durante anos a fio, em busca de uma merecida efectivação. Sendo que as férias destes profissionais servem também para reajustar toda a logística que essas mudanças exigem.

Dependendo da profissão e da entidade patronal, nem sempre é fácil marcar estes dias de férias merecidas. Sem esquecer a confusão que é ajustar as suas férias com as dos filhos, ou até mesmo com o parceiro de vida. E é este um dos motivos do fortalecimento dos laços entre avós e netos. Ou em alternativa, os ATLs (Atividades em Tempos Livres) ou outras soluções similares.

Os nossos políticos também vão de férias, como qualquer outro trabalhador, ou talvez não. Alguns bem as merecem, mas outros nem tanto assim. Os deputados da Assembleia da República, por exemplo, entram em férias de Verão durante 40 dias consecutivos, sendo que este ano, os trabalhos parlamentares findam em 26 de Julho e retomam em 11 de Setembro. Ao que parece também levam trabalho para a casa, pois terão que estudar o relatório síntese de actividades do Ministério Público, que já devia ter sido entregue, sendo o 26 de Julho o último dia para o fazer. E porque a Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, aceitou prestar esclarecimentos no Parlamento no dia 11 de Setembro. Logo no primeiro dia após as férias dos deputados da AR. Será que nesse dia ficará esclarecido o tal parágrafo que levou à tão conveniente demissão de António Costa e, por mera coincidência, caro leitor, à sua eleição para Presidente do Conselho Europeu? O tal que diz, palavra dada, palavra honrada. O tal que prometeu levar o mandato de maioria entregue pelo povo até ao fim, referindo: “Quando se põe em causa os mandatos conferidos pelo povo, está-se a pôr em causa a democracia”. Pode-se talvez dizer que ele foi salvo por um parágrafo, e, sem lhe querer retirar o mérito para ocupar esse cargo de responsabilidade, que ele talvez até tenha conquistado, não deixa de parecer que foi às cavalitas do parágrafo que chegou à Presidência do Conselho Europeu. E com isto, que serve para ele e para muitos outros, considera-se não ter desonrado a palavra dada? Saiu por vontade alheia, mesmo que tenha sido o próprio a demitir-se. Será que o tal parágrafo tinha alguma verdade?  Mas como agora é Presidente do Conselho Europeu, para quê continuar a mexer nessa confusão de ditos e suposições baseados em qualquer coisa, que ninguém sabe bem no quê? Talvez a Lucília saiba? Esperemos até 11 de Setembro. E, bem vistas as coisas, quanto mais se mexe naquilo mais malcheiroso fica.

Nestas férias descansem bastante, caros leitores, porque ao que me parece, as coisas não estão para melhorar para o lado de quem trabalha. Ao contrário do que acham muitos dos decisores em Lisboa, talvez o Portugal deles esteja num plano dimensional diferente do nosso, e talvez melhor.

Haja férias! Mas sobretudo haja trabalho e quem queira trabalhar. Para terminar esta opinião, desejo a todos vós, caros leitores, umas boas férias.

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