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AMIGOS DA TERRA E O FUNERAL DE AQUILINO

24 de Setembro de 2019 | José Luis Freitas

O grupo de beneficência “Amigos de Romarigães” nasceu em Lisboa nos inícios da década de 60 do século passado.

A iniciativa de constituir esta associação partiu de um grupo de romariguenses em Lisboa que, sensibilizados com as dificuldades da freguesia e de muitos dos seus residentes, decidiu fundar uma organização humanitária que prestasse apoio não só a estas famílias mais carenciadas como a obras de interesse comunitário. Durante anos esta associação cumpriria o seu objectivo de apoiar pessoas vulneráveis, desenvolvendo acções humanitárias junto das populações menos favorecidas, os leitores mais idosos não deixarão de recordar os muitos casos de apoio social a nível alimentar e de habitação em que esta ajuda se manifestou e até mesmo o custear de despesas de alguns funerais na freguesia por parte deste grupo.

Estivemos à conversa com João Cunha, empresário hoteleiro de sucesso no velhinho Largo da Graça, em Lisboa, hoje já aposentado, ele que foi um dos jovens fundadores deste grupo de beneficência. “Guardo até hoje com muito carinho o espólio deste grupo, cujos fundadores, na sua maioria, já não estão entre nós”, diz-nos o romariguense. “Sinto muita pena de a dada altura o grupo ter adormecido”, adiantando ainda sem pausas que “gostaria muito de o ver renascer, aliás podem contar comigo para o que for preciso”. Concluiu: “hoje como ontem, um grupo de beneficência como o nosso faria todo o sentido”, opinião que comungamos inteiramente.

Quisemos saber de algum pertence deste grupo que guardasse com especial carinho.  “Tenho na minha posse a factura da palma de flores que este grupo ofereceu aquando do funeral de Aquilino Ribeiro”, explicou João Cunha. Perante a nossa surpresa e a vontade por nós manifesta de a publicar neste jornal, acrescentaria: eu mando-vos”. “É claro que gostaria muito de ver publicado este verdadeiro documento”. Pois bem, é essa factura que publicamos na presente edição.

Romarigães não pode deixar de estar grato a este punhado de jovens que, na década de 60, tempo da emigração e da “sardinha para três” em que tantas e tantas vezes encher a barriga de água era o único “engano prá fome”, souberam sair da sua zona de conforto, tirando um tempinho e uns dinheiros às suas vidas, estendendo assim a mão à sua terra e aos nela mais carenciados. Um enorme bem-haja para todos eles.

 

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