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Diagnóstico fácil

21 de Outubro de 2016 | Helena Ramos Fernandes
Diagnóstico fácil
Opinião

Para nos ser diagnosticado um perfil perverso, quiçá uma qualquer patologia mental, não é necessariamente preciso cometermos um crime qualquer. Bastará, por exemplo, a manifesta vontade de o realizar. Apenas travada por algum imperativo maior (como a lei, por exemplo).

Assistimos, nos últimos dias, a uma clara vontade deste Governo de esquerda em aumentar o imposto sobre o vinho. Um Governo que se vangloriou de ter descido o IVA na restauração, mas que agora percebe que tem de encher os cofres do Estado com “qualquer coisa”. E assim pôs-se a inventar. E quando a esquerda inventa, nomeadamente o Partido Socialista, coisa boa não sairá certamente.

Dito e feito. Surge a hipótese de mais uma medida altamente penalizadora para o Alto Minho. Sinceramente, começo a pensar que este Governo tem uma espécie de “fetiche”. Depois da não inclusão da A28 no desconto de 15% nas portagens e depois da não inclusão de nenhuma fronteira da região no projeto-piloto de zonas raianas de abastecimento de gasóleo para camiões de mercadorias, este Governo aponta mais uma lança ao nosso coração. Desta vez aos produtores de um dos nossos maiores sustentos: o vinho.

Só o facto de alguém do Terreiro do Paço ter engenhado uma medida deste calibre mostra duas coisas: ou existe uma intenção clara do Governo em prejudicar-nos ou então, lamentavelmente, o Executivo de António Costa é dotado de uma ignorância absoluta em relação ao Alto Minho.

Aumentar o imposto sobre o vinho de 13% para 23% não só iria provocar uma queda do consumo como poderia levar à insolvência de muitas empresas na nossa região. Os efeitos seriam, no mínimo, catastróficos.

Numa altura em que Monção e Melgaço lutam pela defesa do Alvarinho e num tempo em que os nossos vinhos verdes conquistam cada vez mais prestígio por cá e nos mercados internacionais, uma medida destas seria um golpe profundo não só no sector como em toda a nossa economia. Não é muito difícil adivinhar o que aconteceria à curva do gráfico das exportações.

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) desde logo condenou “veementemente a aplicação de mais impostos num sector que representa mais de 200 mil empregos, que exporta mais de 730 milhões de euros e é um sector vital para as exportações do ramo agro-alimentar e que em muito contribui para a imagem positiva do nosso país”. Relembro que a CAP é um dos Parceiros Sociais Activo na defesa dos interesses do sector agrícola nacional.

A Associação dos Produtores de Alvarinho, pelo que li na imprensa, foi também das primeiras a manifestar-se contra este aumento. Faço minhas as palavras desta associação quando considera que “o sector do vinho já se encontra extremamente tributado”.

A Associação Nacional das Denominações de Origem Vitivinícolas considerou esta medida “da mais elementar injustiça”. E aqui chamo a atenção para o termo “elementar”. Há medidas que são injustas mas que têm o seu quê de discutível. Neste caso, repare-se, é “da mais elementar injustiça”.

Estamos, portanto, perante um Governo que prometeu não aumentar impostos. Um Governo que parecia, há um ano, empenhado em elevar mais o Alto Minho. Pura propaganda. Pura publicidade enganosa.

É um facto que já li também na imprensa que, em reunião do Conselho de Ministros, já foi mostrada a intenção de não avançar com esta medida. Mas, como eu disse, só o facto de ela ter sido posta em cima da mesa já mostra o desplante e o carácter trapaceiro de toda esta esquerda coligada à pressa com “fita adesiva”. Mais tarde ou mais cedo, descola. Esperemos que não. Que consigam aguentar até ao fim da legislatura.

Estou convicta de que este episódio infeliz vindo do Terreiro do Paço não se tratou disso mesmo. De mais um capítulo infeliz deste Governo. Um Governo que, como muitas vezes já repetiram por aí, “dá com uma mão e tira com a outra”. É isto a seriedade da esquerda? É isto a honestidade de António Costa? Era esta “austeridade encapotada” que tinham reservada para o nosso Alto Minho?

 

Curiosidade: Que é mesmo isso… uma curiosidade. Chegaram (alguns mas poucos) a dá-lo como politicamente derrubado em praça pública. Chegaram a fazer-lhe o “funeral” e a chorar lágrimas de hipocrisia após ter sido derrotado nas últimas eleições para Comissão Política Distrital do PSD Alto Minho. Parabéns Eduardo Teixeira! A vitória na Concelhia de Viana do Castelo demonstra claramente que os militantes vianenses continuam a acreditar em alguém que é realmente capaz de unir e levar o PSD para a frente. Parabéns Eduardo Teixeira pela tua determinação e pelo amor à social-democracia sem olhar a outros fins. Parabéns Eduardo Teixeira pela tua persistência e pelo exemplo que dás ao amar o teu território e defendê-lo com convicção. Mereces! Sem dúvida que mereces.

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