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HUGO PEREIRA, O HOMEM DA BANDA

4 de Agosto de 2020 | Eduardo Daniel Cerqueira
HUGO PEREIRA, O HOMEM DA BANDA
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A nossa geração decerto se lembra das noites culturais que se realizavam no auditório ao ar livre do Largo Hintze Ribeiro, onde a par de uma fugida ou outra para brincar nos baloiços e escorregas do jardim municipal, assistíamos a uma variedade de espectáculos da responsabilidade das associações culturais e outras colectividades locais ou ligadas ao nosso concelho. Recordamos numa delas um menino, como nós, a tocar órgão de forma desinibida e a demonstrar grande aptidão no mundo da música e dos palcos. Falamos do Vítor Hugo Barbosa Monteiro Pereira, actualmente a residir em Linhares, que em 1990 começou a frequentar uma escola de música amadora, sendo que nesse ano já participou numa festa de fim de ano. No ano imediato, dado o seu desempenho, foi presenteado pelos seus pais com um teclado (órgão eletrónico) marca Orla Kx 250, que conserva religiosamente. Custou na altura 85 contos. Na altura vivia na freguesia de Prozelo, em Arcos de Valdevez. Curiosamente, o seu colega de carteira durante a escola primária foi Carlos Barbosa, advogado bem conhecido no nosso meio social. Em 1994, ocorre a mudança para o Lugar da Maceira, em Formariz, e começam a surgir convites para participar em vários eventos, e dado o sucesso, em 1996, nasce o conjunto HugoBand.

Na conversa à distância, dadas as actuais condicionantes, recordamos alguns episódios do grupo musical mais antigo deste concelho, com mais de duas décadas de existência. Como é óbvio, a situação actual de pandemia, incomparável e enigmática, veio afectar o HugoBand na sua vertente tradicional, cultural e económica, Apesar de a empresa estar numa situação económica estável e saudável, a salvaguarda foi agir sempre ao longo da a sua existência com precaução, não deixaram de realizar os investimentos de forma gradual. Em 2020 iam ser apresentadas algumas novidades, e a colaboração de novos elementos femininos, adivinhava-se uma época na máxima força dada a agenda preenchida com espectáculos no Alto Minho, no país vizinho, e França (Clermont-Ferrand e Paris). Como nos disse o Hugo Pereira: “Temos o privilégio de até agora, poder fazer a maior parte do nosso trabalho no Alto Minho. No nosso caso, os santos da terra fazem milagres”.

Entre vários elementos do HugoBand é de destacar a longevidade com que a Maria do Carmo, de Insalde, tem acompanhado a banda: “Sempre fiel ao grupo, sendo cobiçada pelas melhores bandas do país, nunca pôs em causa a cumplicidade que nos une”, disse-nos Hugo. Frisou também que: “Neste momento tenho a sorte de ter o melhor leque de músicos, bailarinas, técnicos. Para mim a melhor fase do HugoBand. Uma das melhores vozes que temos neste país”.

 

Entretanto, depois do período de confinamento, o grupo já retomou os ensaios e a preparação da “possível” nova época 2021, destacando-se a ampliação do cenário, a apresentação (para breve) do novo cartaz, será com certeza uma entrada em grande e surpreendente. Recentemente foi adquirido um minibus para transporte e comodidade dos colaboradores da banda. O nosso entrevistado frisou que “apesar de actualmente serem permitidos concertos com determinadas restrições e medidas de segurança, nós (grupos musicais) somos afectados pelo facto de a Comunidade Intermunicipal do Alto Minho, que representa os municípios, não autorizar licenças para romarias, festas e eventos similares até final do mês de Setembro, a par da decisão idêntica tomada pela Igreja. Na nossa opinião achamos que deveriam existir estes eventos com regras, desta forma não seríamos tão penalizados e tratados de igual forma, não existindo dois pesos e duas medidas, que é o que está a acontecer”.

Quando questionado acerca da relação com outros grupos congéneres, não hesitou em falar da excelente relação de amizade (quase como família) com os actuais proprietários do conhecido Grupo Roconorte, Zé Peixoto e Regina Amorim, sempre dispostos a colaborar e a partilhar. Referiu também a admiração por Jorge Nande, fundador do supracitado grupo monçanense, “um inigualável profissional, sendo que eu, desde muito novo, presenciei inúmeros espetáculos… Aprendi muito!”.

Hugo Pereira, fundador, antigo teclista, a desempenhar no presente as funções de vocalista e director do grupo, fez questão de deixar um agradecimento ao Município de Paredes de Coura, às autoridades locais e aos profissionais de saúde por todos os esforços no combate à pandemia. Desejou ainda a todos os colegas de estrada que ultrapassem esta situação difícil da melhor forma. A todos os seguidores deixou uma mensagem de esperança: “estaremos próximos de todos vós o quão rápido seja possível. Até lá, vamos trabalhando e convivendo, pois apesar do trabalho somos todos uma família… aproveitando assim para fortalecer a nossa amizade. Foi um percurso duro, mas que hoje me orgulho. Com a colaboração da família e da minha companheira de vida e de estrada, Ema Pinto Moreira (na minha vida desde o ano 2000, tem sido fundamental), temos conseguido ir avante. Temos feito um percurso com humildade e honestidade, sem tentar destabilizar e pisar os nossos colegas de estrada”.

Por último, o nome dos elementos da banda: Hugo Pereira (Vocalista), Ema Moreira (Luzes e Imagem), Maria Cunha (Vocalista), Zeka Fernandes (Baterista), Márcio Rodrigues (Guitarrista), Carla Rocha (Concertina/Vocalista), Carlos Gonçalves (Teclista), Vítor Fernandes (Baixista), Isamar Rojas (Bailarina).

 

 

 

 

 

 

 

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