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Novo ano, novo eu?

14 de Janeiro de 2025 | Sandra Fernandes
Novo ano, novo eu?
Opinião

Agora com a entrada em 2025, após passarmos pelo fogo de artifício do ano novo, a celebração de mais um ano, foi entre um gole de champanhe e uma dúzia de passas que pensámos com confiança em cada desejo ou meta a concretizar no decorrer do ano. Nesse instante existe uma motivação mundial de fazer do ano que “chegou” o melhor de todos. A minha questão, aquela que quero explorar convosco, é: Porque é que esperamos até esse momento para estipularmos as tais mudanças, se sabemos que a verdadeira transformação não se resume a uma data?

Claro que a resposta mais “batida” será recorrer à típica reflexão de “como correu o ano que passou e que termina em 31 de Dezembro”. Já é quase obrigatório definir mudanças, sentimos necessidade de traçar planos, visualizar objectivos, mudar de vida de um dia para o outro. O ciclo repete-se e todos vivemos de perto essa “mentalidade de mudança”, acreditamos que é por mudarmos de ano que vamos realizar o que sempre quisemos. Acontece que, na prática, a maioria dessas promessas vai contra uma falta de acção real, e as mudanças que com tanta fé definimos, acabam por ser adiadas até ao próximo dia 31 de Dezembro.

Recentemente, enquanto ouvia um podcast que acompanho, ‘On Purpose’ de Jay Shetty, a psicóloga e autora Mel Robbins, convidada do episódio em questão, disse algo muito pertinente acerca da mudança: “Não podes esperar pelo momento perfeito, tens que agir, mesmo quando não te sentes motivado”. Esta simples frase carrega uma força para entendermos o que realmente significa mudar. Enganam-se se acham que a mudança está no conceito mágico de um “novo ano”. Por outro lado, ela reside na nossa capacidade de agir de forma consistente e estratégica, todos os dias. Um novo ano é apenas uma convenção, pois o que realmente importa é o processo de transformação, que é contínuo e diário.

Desta reflexão podemos retirar que ao invés de esperar pelo “ano novo”, o momento para definir ou redefinir os nossos objectivos e metas devia ser mais frequente. Para quê esperar até ao final do ano para parar e pensar no que queremos para a nossa vida, quando o podemos fazer diariamente? A reflexão não é um evento isolado, mas uma prática recorrente. É nesta prática, de questionar e rever aquilo que nos faz sentir realizados, que podemos encontrar as peças para construir a vida que desejamos.

Devemos contestar a ideia de que a mudança só pode acontecer uma vez por ano. A reflexão deve ser recorrente e ao longo do ano devemos ajustar os nossos objectivos conforme o necessário. Celebrar as pequenas vitórias é tão importante quanto a grande conquista final, pois o sucesso está no processo, nos erros e no que aprendemos ao longo do caminho. A verdadeira transformação não depende da passagem do ano, mas dos acontecimentos diários.

Em vez de definirem metas grandiosas e inalcançáveis para 2025, estabeleçam objectivos que vos satisfaçam ao longo do processo, não se foquem apenas no resultado final. O mais importante é como nos sentimos enquanto trabalhamos para alcançar as nossas metas.

Por isso, porque não tornar 2025 um ano de pequenas mudanças diárias, com ajustes e celebrações ao longo do caminho? Não precisamos esperar até Dezembro para comemorarmos. A verdadeira transformação acontece quando paramos de esperar pela “passagem de ano” e fazemos da mudança um hábito diário. A meta de 2025 é simples: parar de esperar pela mudança e começar a vivê-la todos os dias.

 

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