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OITO DE MARÇO

26 de Fevereiro de 2019 | Helena Ramos Fernandes
OITO DE MARÇO
Opinião

 

 

Desde o início do ano já morreram 11 mulheres assassinadas às mãos de namorados, maridos, ex-companheiros ou outros familiares. Em 2018, o número de vítimas ultrapassou as 20 de 2017. Em Novembro, já tinham morrido 24. Estes números foram divulgados muito recentemente pelo Jornal de Notícias.

Numa altura em que nos aproximamos do Dia Mundial da Mulher – que se assinala a 8 de Março – nunca é demais lembrar que tanto estes como outros números trágicos continuam a acontecer no nosso país. E muitas vezes na porta ao lado da nossa. O que fazer? Faço minhas as palavras ditas há dias pela secretária de Estado pela Igualdade e Cidadania, Rosa Monteiro: “Hoje há maior consciência social de que se deve meter a colher entre marido e mulher”. Sim… é isso mesmo! Meter a colher.

Conforme defende esta governante, e muito bem, enquanto não houver respostas “efectivas e robustas” para afastar e controlar estes agressores, a violência doméstica nunca será erradicada de vez. Só em 2017, disse Rosa Monteiro, foram acolhidas mais de 11 mil mulheres pela Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica. Leu bem, caro leitor. Onze mil!

O dia 8 de Março é um dia muito bonito mas não podemos deixar que se transforme apenas numa espécie de feriado religioso ou, pior ainda, numa missa de aniversário de falecimento onde se lembra alguém – neste caso algo. Não pode ser um dia preenchido apenas com jantaradas e onde os homens (num súbito ataque de gentileza) decidem andar por aí a distribuir rosas vermelhas. Há quem se enterneça com isso. Há quem goste deste tipo de atitude. Só que no dia nove de Março já não há rosas… nem jantaradas. E todos os anos isto se repete sem que a maior parte de nós, mulheres, mexa uma palha sequer para travar de uma vez por todas esse flagelo da violência doméstica.

Não importa se o Município em que vivemos faz ou não algo para travar esta cortina tão negra da nossa sociedade. Se faz, óptimo. Mas o que realmente importa é que todos nós – homens e mulheres – façamos um pouco onde deixemos o nosso cunho pessoal. Que procuremos uma simples via para transmitir a nossa mensagem. O nosso pensamento. E é essa união que nos tornará mais fortes.

Hoje, mais do que nunca, “entre marido e mulher, todos temos de meter a colher” e proteger as vítimas. Sejam elas mulheres, homens ou crianças.

(Helena Ramos)

 

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