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QUOTIDIANO

19 de Junho de 2018 | José Augusto Pacheco
QUOTIDIANO
Opinião

Passados três anos, voltei a Timor Leste, para mais um projeto, e tudo me pareceu igual e diferente. Igual, porque são as mesmas pessoas, com a mesma hospitalidade e com o seu lado humano a dizer para ficarmos mais tempo; diferente, já que a cidade de Díli cresce a olhos vistos, alinda-se nas ruas, disciplina-se no trânsito e cresce em hotéis e comércio.

Mais diferente está na cooperação, com a saída quase total da ONU, e o Hotel Timor, esse local de mundo global, que permanece com as suas raízes bem portuguesas, tem um aspeto mais desolado, com menos gente no bar, local de discussão política, no restaurante, que ainda é a cantina dos portugueses, no fim de semana, sobretudo no cozido à portuguesa, aos domingos. Há pela cidade mais centros comerciais e nos restaurantes a oralidade inglesa já não tem a mesma intensidade, sendo que a língua indonésia ainda se fala, mas já não tanto pelas crianças que deixaram de a aprender na escola.

Esta passagem pelo país, coincidiu com o 10 de junho, tendo sido comemorado o dia de Portugal com um programa bem recheado de eventos, com destaque para a música e para a cerimónia que se realizou, ao fim da tarde, na escola portuguesa de Díli, junto ao cemitério de Santa Cruz, ícone da revolta timorense.

Com a presença do embaixador português em Timor, uma pessoa afável e conversadora, que está presente na rua, não se enclausurando nas suas instalações superprotegidas, de vários ministros do governo timorense, em final de mandato – de entre eles o sempre presente Ramos Horta, laureado com o prémio nobel da paz – e de muitos timorenses e portugueses, a escola tornou-se num espaço de excelente convívio, depois de o coro, formados pelos alunos e alunas da escola, ter cantado com emoção os dois hinos.

Pelas conversas que fui mantendo com diversas pessoas, revendo muito dos cooperantes e muitos amigos timorenses, fui constando que é forte a relação entre os dois países e que a língua portuguesa é um elo de ligação que lhe pode dar ainda mais sustentabilidade. Mas enquanto falava, fui reparando nos cartazes com as figuras portuguesas que representam de forma indelével a alma da portugalidade. E registei-as um a uma, como estivesse a elaborar uma lista.

Bem, lista é lista e todas elas podem ter omissões sérias, seja a lista de Schlinder, do filme magistral de Steven Spielberg, sejam as listas dos partidos políticos para as eleições autárquicas e legislativas, discutindo-se sempre por que razão vai este e não vai aquele, mesmo as listas para uma agremiação desportiva e cultural.

Mas cito a tal lista: Ruy Cinatti, Egas Moniz, Paula Rego, Vasco da Gama, Agostinho da Silva, Amália Rodrigues, Camões, Infante D. Henrique, Fernando Pessoa, Carolina Michaelis, Emigrantes, Cristiano Ronaldo e Pedro Nunes.

Cada um de nós, pode discordar desta lista e poderia escolher outros nomes marcantes que têm projetado o ser português no mundo. Não deixando de concordar com a lista, sendo que foi elaborada para um local situado na Ásia distante, apenas acrescentaria o nome de José Saramago, não só pelo reconhecimento mundial pela atribuição do prémio nobel da literatura, bem como pela projeção máxima da língua portuguesa que está associada ao seu trabalho de escritor.

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