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QUOTIDIANO

8 de Maio de 2018 | José Augusto Pacheco
QUOTIDIANO
Opinião

O sul do Brasil tem um clima tropical com travo a um friozinho, que é mais difícil de aceitar na serra catarinense e na serra gaúcha, onde a neve marca presença todos os anos.

Senti esse travo agridoce, em Curitiba, num tempo outonal, com sabor a verão, mesmo que o percurso que tivesse de fazer não saísse da rota de 200 metros que ligava o hotel á universidade, com passagem pelo interior do “shopping” da estação, servindo de caminho mais agradável e seguro.

Por isso, não tive tempo para saborear a cidade, perguntar por política, embora o silêncio fosse reinante sobre os candidatos a presidente, para as eleições de outubro, nem tão pouco para ir às suas montanhas que declinam para o mar atlântico, registando apenas no meu bloco de viagem alguns lugares que dizem ser imperdíveis.

A exceção foi uma ida ao mercado, cheio de vida, sobretudo de pessoas que têm menos pressa e que desse modo podem olhar para tudo o que lá existe, metendo conversa com os vendedores.

Como não pertencia a esse grupo, apenas observei por uns minutos o movimento e logo, ao fim de três dias, voei para o Rio, a cidade que expectava conhecer, depois da intervenção do exército, que por lá anda, mas que se tornou quase invisível, pelo menos na zona sul, centro por excelência do turismo.

Desta vez, tive tempo para a família. Reencontrei o meu primo Manuel, de Ferreira, que emigrou para o Rio com a idade de onze anos, tendo, no dia de sexta-feira, partilhado o fausto e familiar almoço com Vanir (mulher), Tatiana e Rodrigo (filhos).

E se numa conversa familiar há sempre algo de novo e agradável, desta vez senti-me reconfortado na identificação dos meus tios de Ferreira, filhos do meu avô José Pacheco.

O mais velho (Aníbal) emigrou na adolescência e morreu jovem, sem descendência. Seguiu-se-lhe, sempre para a mesma cidade, o Augusto, que com ele levou, passados anos, o filho Manuel, deixando a Sara em Coura, que morreu ainda jovem na flor áurea dos seus vinte e um anos, e o Júlio, entretanto emigrado para França. Do Manuel sabe-se que casou, teve dois filhos e morreu na casa dos cinquenta anos.

Depois emigrou Amadeu, que passados seis anos recebeu a família por inteiro (Ana, a mulher, e os filhos, Manuel e Sara) e por Coura ficaram Arnaldo (meu pai) e Cândida, que conheceu, por longos anos, a emigração pelo marido.

Em tod0 este cenário familiar ligado à emigração para o Rio de Janeiro, ainda hoje me interrogo por que razão meu pai não foi para junto dos irmãos, que, decerto, não deixaram de o chamar, dando-lhe todo o apoio de que necessitasse.

Porém, e talvez seja essa a explicação mais óbvia, meu pai imigrou de Ferreira para a Vila e nesta freguesia teve emprego e formou uma família.

E já foi uma longa viagem na década de 1930, ainda nos anos finais da guerra civil espanhola, depois, na década de 1940, com os seis anos da segunda guerra mundial, intensamente presente pelas notícias que se ouviam pela rádio da Pensão Miquelina.

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