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3 de Novembro de 2020 | José Augusto Pacheco
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Opinião

Como se vive com o coração nas mãos por estes dias que correm, “infetados” pela COVID-19, que teima agora em não parar de crescer, volto a virar-me para o passado e para a imprensa local concelhia.

O número 99 do NOTÍCIAS DE COURA, de 17 de agosto de 196o, é muito interessante, especialmente pelos temas abordados e pela publicidade, já que se trata do número das festas do concelho, que se realizaram a 27 e 28 desse mês, com um historial relativo à sua realização em anos anteriores.

Consta, assim, deste número, com início na primeira página, o esboço histórico e monumentos do passado – Ponte Romana de Rubiães, Pórtico da Igreja Romana de Rubiães, numa confusão clara entre romano e românico, Casa do Paço de Antas, Capela de S. Bartolomeu em Antas, Solar de Santa Ana da Seara em Quintão, Ponte de Mantelães, Capela de Nª. Sª. da Conceição em Venade, Igreja Paroquial de Ferreira –, bem como os courenses ilustres, e suas fotos, a saber: Drº. Bernardino António Gomes, Visconde de Moselos, Drº. Albano Barreiros, Conselheiro Miguel Dantas, Drº Narciso Alves da Cunha, Cónego Bernardo Chouzal, General António Dantas Guerreiro e Abade Casimiro Rodrigues de Sá.

Fazem ainda parte das notícias do jornal: o Sanatório Presidente Carmona, popularmente, apenas se dizia “sanatório” – e bem!, com inauguração a 15 de setembro de 1934 para doentes ferroviários, e com um novo pavilhão, a partir de 1954, agora para doentes tuberculosos; o programa das festas do concelho; os [marcos] miliários e a Ponte Romana de Rubiães (e fala-se de sete, relembrando-se a carta  endereçada por Narciso Alves da Cunha à Câmara Municipal, para que fossem recolhidos em local apropriado; conselhos ao agricultor  – a cultura do milho em terras de Coura; de todo o concelho – dos nossos correspondentes (Resende, Padornelo, Vascões, Formariz, Cossourado, Bico e Parada); folclore, com imagens do grupo folclórico da Vila de Paredes de Coura, Grupo Folclórico de Insalde e Grupo Folclórico Camponês-Bico); a colónia agrícola da Boalhosa na Chã de Lamas, cm três imagens e um pequeno texto.

Por último, sete páginas de publicidade, cuja leitura é interessantíssima para a reconstituição do tecido socioeconómico de meados do século XX, no concelho de Paredes de Coura. A leitura dessas páginas, sob a designação “Comércio e Indústria no Concelho, traz de volta uma realidade de outros tempos e que sempre se tem mantido como como um dos pilares essenciais de desenvolvimento dos concelhos.

Ao todo, são 64 anúncios de publicidade local, principalmente de estabelecimentos comerciais e de pequenas indústrias. Em particular, gosto de três anúncios: do ambiente familiar da Pensão Miquelina, de João António Barbosa, com magníficas instalações, água corrente e fria, tratamento especial com ou sem dieta; da indústria de seguros, de J. J. Dias de Castro, onde se diz “V. Exª. quando precisa dum fato não o encomenda ao albardeiro, mas sim ao alfaiate. E quando está doente não procura um ferrador, mas consulta um médico. O mesmo deve fazer para os seus seguros. E em vez de ir ao merceeiro, o homem das linhas ou alveitar, dirija-se a um profissional que, com facilidade e exatidão, lhe dirá e fará o que mais lhe convém”; Oficina de Tamancaria, de Amaro António Barreiro, Tojais, Padornelo. “Executam-se todos os serviços de tamancaria com a máxima perfeição, sob a orientação de José Luiz de Sá”.

E cito mais um, onde meu pai trabalhou, desde a adolescência até tornar-se motorista da Courense: “Estabelecimentos de Armando Pereira Bacelar, mercearia, drogaria, ferragens, Largo Visconde de Moselos, Paredes de Coura, telefone 22”.

Mas tenho de acrescentar mais um, onde aprendi bastante: “A Volta da Quinta. Mercearia, vinhos e miudezas, completo sortido em mercearia, vinhos verdes das melhores procedências, de Irene da Silva”.

 

 

 

 

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