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26 de Janeiro de 2021 | José Augusto Pacheco
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Opinião

Estamos no olho do furacão, é isso mesmo, em relação à pandemia de Covid-19. Os ventos são dolorosos de mais, sobretudo aqueles que ceifam vidas e mandam para a cama dos hospitais um sem número de pessoas, já que com os casos assintomáticos, e felizmente constituem uma significativa maioria nas faixas etárias mais jovens, a preocupação é outra. Os números continuam terrivelmente assustadores, crescendo de dia para dia a taxa dos infetados e a taxa de letalidade, com sérias ameaças para a sustentabilidade do serviço nacional de saúde, o bem supremo de um Estado social, que muitos partidos de direita querem simplesmente privatizar. E que catástrofe seria se assim fosse?

Porém, face às tempestades semeadas por esta pandemia, surge uma luz ao fundo do túnel com a vacina, a que muitos portugueses já tiveram acesso, sabendo-se que até ao verão surgirá a bonança. Cada um de nós está integrado num de três grupos formados em função dos níveis de risco, sendo previsível que os prazos serão cumpridos. E essa é uma boa notícia.

Outra boa notícia, divulgada pelos media e pelas redes sociais, é a da instalação de uma unidade de produção industrial de vacinas em Paredes de Coura, que o presidente Vítor Paulo Pereira, no jornal Público, de 14 de janeiro último, “considera de importância estratégica para o país,” até porque, ressalva, “acaba por colmatar uma insuficiência existente em Portugal [em relação] à produção de vacinas em massa,” não descartando a hipótese de vir a existir uma vacina para a Covid-19 produzida em território courense. Notável. Não há outra palavra para traduzir todo o esforço que a atual vereação camarária, e para o seu presidente, que faz jus à sua máxima de habitar sempre no impossível e no impensável, porque aí não há concorrência.

E Paredes de Coura merece esta distinção de estar no topo da agenda, não apenas pelo feito de instalar no seu território o futuro – e como o slôgane (E até hoje fui sempre futuro) dos 500 anos da comemoração do foral foi uma verdadeira premonição! –, mas também pela homenagem que é prestada ao fundador da vacinação em Portugal, o courense Doutor Bernardino António Gomes (1768-1923).

Sobre esta distinta personagem todos estamos gratos ao académico Doutor Carlos Subtil, autor do livro “Bernardino António Gomes – Ilustre médico iluminista nascido em Paredes de Coura”, cujo labor tem sido incansável para resgatar dos dados de arquivo um conhecimento que engrandece ainda mais esta terra courense. Se já tínhamos ouvido falar de tão reputado médico, sem lhe atribuir o devido valor, o investigador que se tem destacado em temas ligados à saúde pública traz-nos de volta esse courense e oferece-nos uma das mais completas biografias que sobre ele já foram escritas. Esta é sem dúvida uma boa leitura para estes tempos difíceis da pandemia, tal como será uma coincidência feliz a produção de vacinas no território de Paredes de Coura que foi o berço de nascimento do fundador nacional da vacinação.

 

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