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27 de Abril de 2021 | José Augusto Pacheco
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Opinião

Já com dois séculos e algumas décadas, a via romana XIX, que ligava Braga a Astorga, reapareceu nas obras da ligação do parque empresarial de Formariz à A3.

É certo que já se sabia da sua passagem por terras de Coura, como testemunham os marcos miliários de Romarigães e de Rubiães, muitos deles em bom estado de conservação, e imensamente estudados, bem como alguns troços da via romana, mais perto da ponte de Rubiães, monumento que também sinaliza bem o traçado da via, no troço compreendido entre Ponte de Lima e Valença.

Pois é, um pequeno troço de 20 metros mostrou-se e rapidamente foi intervencionado, para que o legado histórico não fosse inutilizado pelas máquinas que rasgavam o novo traçado desta tão esperada estrada. Como o seguro morre de velho, a Câmara Municipal já tinha providenciado no sentido de destacar uma equipa de arqueologia que fosse capaz de avaliar “in loco” possíveis achados, dado o elevado número de castros que se distribuem pelo território courense.

Técnica e culturalmente, a questão do achado arqueológico está resolvida, com a perícia e a paciência dos elementos dinâmicos da atual vereação camarária, que prontamente diligenciaram a resolução deste caso, compatibilizando o legado histórico com o progresso que a nova estrada representa. Será, decerto, mais um ponto de interesse arqueológico do concelho a acrescentar ao seu vasto e risco património histórico.

Quando o traçado está praticamente marcado no terreno, falando-se em 80% da sua totalidade, o troço da via romana foi o principal constrangimento que surgiu. Não é expetável que outros problemas apareçam, pelo que tudo corre bem, sendo visível o percurso a ondular pelos montes e campos que existem entre Sapardos e Formariz, numa distância de 8,8 quilómetros, agora acrescentada com mais alguns metros, na medida em que é preciso que a via seja ligeiramente corrigida.

No entanto, este constrangimento fez com que o tempo de construção, até dezembro de 2021, derrapasse para agosto/setembro de 2022.

E será que a culpa é mesmo da via romana?

Não tenho a resposta, somente dúvidas, sabendo-se que pela parte da vereação tudo tem sido feito para que a estrada seja uma realidade o mais depressa possível, e não apenas um sonho, como alguns diziam, pois não acreditariam que esta vereação não só “move   montanhas”, como também intervém rapidamente na preservação de um troço da via romana.

E no dia 20 de abril passado, com a visita do ministro Pedro Nuno Santos a Paredes de Coura, que quis inteirar-se do estado de construção da estrada, visitando-a em Sapardos e em Ferreira, tive a oportunidade de a pisar, nela caminhando alguns metros, num dia ameaçado pela de chuva, com muitos raios de sol.

É Paredes de Coura com muito futuro.

 

 

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