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19 de Outubro de 2021 | Gorete Rodrigues
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Opinião

Das várias eleições, as autárquicas são, decerto, as que mais autenticidade têm na relação direta entre candidatos e eleitores, pois a proximidade é uma das características mais notáveis que se destacam no contacto com as pessoas, identificando-se de forma mais imediata e relacionando-se por laços de familiaridade, de amizade e de partilha de ideias.

A democracia reconhece-se, assim, pela capacidade que candidatos e eleitores têm em partilhar projetos comuns, estabelecendo uma confiança que enriquece o bem público como algo que diz respeito a todos. Poder-se-ia dizer que a abstenção será uma atitude de não participação, nem sempre de rejeição da democracia, porque a sua existência tem de ser bem analisada e compreendida.

Estamos a fechar um ciclo que começou com a apresentação de candidatos, dos seus programas e das suas ideias, prosseguindo, depois, na campanha eleitoral, não só de longos e duros dias, mas também de auscultação e de observação dos problemas que sempre existem e que são o motor da verdadeira democracia. Outra etapa foi cumprida no dia das eleições, em que o trabalho de quem esteve nas mesas de voto não pode ser esquecido. Cumprimos a última etapa com a tomada de posse dos eleitos para a Câmara Municipal e para a Assembleia Municipal, decorrendo, em paralelo, por estes dias, com a consagração dos eleitos para a junta e assembleia de cada freguesia ou união de freguesias.

Cada um de nós está legitimado pelo voto dos eleitores e nesta reunião magna estão também todos os votantes que assim quiseram atribuir a sua confiança aos candidatos que melhor corresponderam às suas ideias e com quem mais estabeleceram empatia, já que uma eleição autárquica é sempre marcante na vida de uma comunidade. Racionalidade e afetividade estiveram, por conseguinte, na escolha dos votantes para a eleição dos órgãos de governo do concelho de Paredes de Coura, a quem somos devedores de uma enorme prova de confiança, e tudo devemos fazer para que as suas expetativas não saiam defraudadas.

Uma das lições que aprendemos em cada eleição é que o povo tem sempre razão.  Por mais argumentos que existam, a sabedoria dos eleitores é a verdadeira seiva da democracia, que respeitaremos com toda a humildade democrática.

Este é o momento público de confirmação dos resultados e da sua tradução em mandatos de representatividade, pois a nossa participação nos diversos órgãos autárquicos é a expressão de uma vontade popular, que saberemos respeitar e assumir com toda a dignidade de eleitos em prol de uma causa pública. O concelho é doravante a nossa casa pública e a democracia só existe em função da representatividade que cada um de nós assume, a partir de métodos aceites e validados.

Com efeito, os lugares que agora assumimos foram distribuídos por uma ordem de representatividade que expressa a máxima confiança dos votantes. No caso concreto da Assembleia Municipal, os mandatos dos seus membros distribuem-se por cargos de inerência (presidentes de junta de freguesia ou união de freguesias) e cargos de eleição (membros eleitos em função de listas apresentadas).

Assim, os 33 membros da Assembleia Municipal de Paredes de Coura são distribuídos em função de resultados que expressam a vontade dos votantes, pelo que o princípio da representatividade é estruturante em democracia, nomeadamente no lugar da lista concorrente que os membros eleitos ocupam e na proporcionalidade de tempo de intervenção política que lhes cabe por direito, em função do que a lei prevê em função de uma dada condição política.

Cumprir a regra da representatividade é reconhecer a mais elementar e genuína regra da democracia representativa, que todos aceitamos como candidatos e que agora aceitaremos como membros eleitos. A democracia não se decreta, exerce-se e assume-se como algo de maravilhoso que dá sentido ao que aqui estamos a interpretar, na serenidade da vida de uma comunidade que tem nas eleições autárquicas a sua total visibilidade e o seu sentido mais genuíno de partilha e de construção do “nós” courense, cuja alma coletiva mora dentro do coração de cada um.

 

 

 

 

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