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Treinador Márcio Lima Analisa Futebol do Courense : Faz sentido a aposta em jogadores da terra

3 de Novembro de 2015 | José Miguel Nogueira
Treinador Márcio Lima Analisa Futebol do Courense : Faz sentido a aposta em jogadores da terra
Desporto

Márcio Lima, 36 anos, residente em Seara, concelho de Ponte de Lima, foi a escolha da direcção do Sporting Clube Courense (SCC) para treinar a equipa sénior do clube na presente temporada.

Centrocampista rápido e tecnicista, Márcio Lima optou cedo pelo abandono da carreira de jogador, depois de passagens pelo Águias de Souto, Vitorino das Donas, Vitorino de Piães e Correlhã. Se aos 24 anos era já treinador-adjunto no Correlhã, quatro anos depois assumiria mesmo o comando técnico, após uma época turbulenta da equipa limiana, que quase acabava em descida. A decisão do treinador tem-se revelado acertada, ainda que a carreira de jogador tivesse ainda os melhores anos pela frente: consolidou-se como um dos bons treinadores do Distrital e apesar da sua juventude está já na nona época consecutiva a treinar equipas da Divisão de Honra da AFVC, depois de cinco épocas no Correlhã, uma no Távora e duas no Lanheses.

Como surgiu a possibilidade de treinar o SCC?

Recebi o convite com satisfação, conhecia o SCC, um clube com muito boas infra-estruturas físicas e sabia da qualidade que o plantel possuía. O presidente e os seus dirigentes souberam cativar-me para o projecto e chegámos rapidamente a um entendimento. Há sempre algumas arestas a limar, mas de um modo geral estou a gostar do trabalho e dos esforços da direcção para resolver as questões que vão surgindo.

Que plantel encontrou no SCC?

Encontrei um plantel na sua maioria muito jovem, mas também com alguns jogadores mais experientes.

Ainda não temos o plantel fechado, isto porque se mantêm as lacunas que identificámos no início da época. Procuramos ainda alguém que possa acrescentar qualidade aos nossos processos de jogo, em especial mais um avançado. Na linha defensiva os reforços que esperamos são os jogadores do plantel que ainda se mantêm lesionados da época anterior.

Procuramos nesta primeira fase estabilizar a equipa no seu processo defensivo e, com o decorrer da época, melhorar também o nosso processo ofensivo.

Que mentalidade encontrou no plantel?

Encontrei uma boa mentalidade, que queremos ainda tornar mais vencedora. Trata-se de uma equipa com margem de progressão, tendo em conta a juventude do plantel. Até agora, estou agradado com a prestação da equipa, apesar de reconhecer que num ou noutro jogo poderíamos ter feito mais. Mas também já protagonizámos bons momentos e estou confiante que saberemos estar ao nível daquilo que o SCC habituou os seus sócios e simpatizantes. Ao fim de sete jogos estamos em 4º lugar com 11 pontos, dentro das nossas expectativas.

A que lugar lhe pediram para conduzir o clube?

Não pediram um lugar específico, mas quem representa o SCC sabe que este é um clube que já habituou os seus sócios e adeptos à realização de bons campeonatos.

É um objectivo ao nível do que já me pediam quando estava no Correlhã (fiquei quase sempre entre o 4º e o 6º lugares). Queremos ficar na parte cimeira da tabela, mas há muitos clubes com objectivos idênticos e não vão caber lá todos. Estamos em tempos de contenção, uma fase em que se pretende essencialmente valorizar o jogador courense. Por isso, a exigência terá que ser mais comedida. É muito importante que os sócios e simpatizantes não introduzam demasiada pressão na equipa porque o plantel é composto maioritariamente por jogadores da terra, em grande parte jovens. Este plantel tem 23 jogadores e mais de metade são de Paredes de Coura. Nestas primeiras 7 jornadas, em todos os jogos mais de metade dos jogadores eram courenses. Eu sou o primeiro a achar lógica a aposta nos jovens locais. Essa é a essência e o futuro do clube, mas nunca esquecer a importância também do jogador de fora da terra.

Queria referir também os outros, na medida em que muitos deles fazem dezenas e até centenas de quilómetros para treinar e jogar, jovens que vêm ajudar também o clube a crescer, por isso peço aos sócios e adeptos que olhem para eles como se fossem filhos da terra, bem o merecem pelo esforço que fazem ao longo da semana.

No fundo, o nosso objectivo passa por chamar gente ao campo, praticar um futebol agradável e chegar aos lugares cimeiros da classificação.

Como se define como treinador?

Em termos pessoais, sou simples e humilde e procuro desempenhar o meu trabalho de forma dedicada, privilegiando a organização do treino. Tenho um grande respeito pelos outros e procuro transmitir isso aos atletas que treino, na medida em que acho fundamental perceber que todos estamos sujeitos ao erro e é fundamental ter respeito pelos outros quando isso acontece. Sou também bastante reservado e geralmente o Márcio Lima do treino não é muito diferente do Márcio Lima que podem encontrar fora do campo.

Ao nível táctico, procuro sempre que as minhas equipas saibam o que estão a fazer em campo em todos os instantes, ou seja, que estejam organizados defensiva e ofensivamente. Cada equipa tem as suas especificidades, por isso a estratégia passa sempre por detectar primeiro as principais virtudes do plantel e potenciá-las.

Onde quer chegar Márcio Lima no mundo do futebol?

Nunca criei grandes expectativas em relação a esse assunto. O meu foco é fazer o meu melhor, mas muito sinceramente nunca tracei quaisquer metas para a carreira. A minha preocupação é ser melhor a cada dia na execução do meu trabalho e deixar satisfeitos aqueles que apostaram em mim, indo de encontro às esperanças criadas. De forma natural, o trabalho e os resultados
ditarão o resto.

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