Este ano, o Prémio Nobel da Economia foi entregue não a um, mas a três economistas, Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson. E quem são estas sumidades? E porque mereceram tal distinção? E qual a relação disto com Portugal?
Daron Acemoglu e Simon Johnson são economistas e professores no MIT (Massachusetts Institute of Technology), enquanto James Robinson é economista e professor na Universidade de Chicago. O primeiro é de origem turca, o segundo americana e o terceiro inglesa. Nenhum deles é português!
Acemoglu e Robinson são coautores do livro “Porque as Nações Fracassam” (“Why Nations Fail”), que explora as razões pelas quais algumas nações prosperam enquanto outras falham. Este livro argumenta que a chave para o sucesso ou para o fracasso de uma nação não está nos seus recursos naturais, culturais ou mesmo na sua localização geográfica, mas sim nas suas instituições políticas e económicas. Resumidamente, este livro distingue as instituições em dois tipos. Enquanto umas promovem a participação ampla dos cidadãos na economia e na tomada de decisões políticas, criando um ambiente favorável ao desenvolvimento e à inovação. Outras concentram poder e riqueza nas mãos de uma pequena elite, levando à corrupção, desigualdade e estagnação económica. Em qual deste tipo revê Portugal, caro leitor?
Johnson é conhecido pelas suas pesquisas sobre crises financeiras, crescimento económico e o papel das instituições. Foi economista chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI). Uma sigla bem familiar para os portugueses. Johnson também se tornou familiar quando assinou em parceria com Peter Boone, um artigo publicado em 2010 a antecipar o resgate a Portugal, que acabou por acontecer em Maio de 2011, com o aumento do custo da dívida portuguesa. Um suposto artigo polémico, que irritou o então ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, talvez por terem ilustrado o artigo com a foto do José Sócrates, e não a dele. Digo eu! Agora sem brincadeira, um artigo cuja a verdade foi desfavorável aos políticos de então. Uma verdade antecipada por estudiosos sérios, mas desacreditada por políticos, quiçá distraídos. Por um lado, estudiosos agora reconhecidos com este Nobel. Por outro, distraídos e um deles preso.
Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson foram galardoados com este Prémio Nobel pelos seus contributos para se entender o papel das instituições no desenvolvimento económico e social de um país ou região. Ou seja, eles demonstraram, por A+B, o porquê dos diferentes desenvolvimentos económico e, consequentemente, as causas da pobreza e da prosperidade em diferentes países. Como explicarão eles as disparidades que se destacam numa parte da Europa, à qual pertencemos, e que se intitulou outrora de Comunidade Económica Europeia? Que respostas terão eles para os portugueses?
Pois é, caro leitor, deveríamos todos entender o que esses economistas nos estão a tentar dizer. Com este Nobel, fica no ar, a meu ver, uma chamada de atenção para todos nós. Quem manda afinal no nosso país? Porque existem tantas desigualdades entre paises que pertencem à mesma União, supostamente económica e política? Porque existem diferenças abissais entre os portugueses no que toca ao poder de compra? Porque nunca somos tidos nem achados quando os decisores decidem como vão gerir o Orçamento do país? E, por fim, segundo o livro “Porque as Nações Fracassam”, em qual dos tipos de instituição está Portugal?