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Águas que abastecem Antas geram descontentamento em Rubiães

15 de Setembro de 2015 | José Miguel Nogueira
Águas que abastecem Antas geram descontentamento em Rubiães
Freguesias

 

RESIDENTES AMEAÇAM COM ABAIXO-ASSINADO

A povoação de Antas, na freguesia de Rubiães, debate-se há cerca de uma década com a recuperação das águas provenientes de uma nascente situada no monte de Sapardos, adquiridas há cerca de quarenta anos pelo município courense, em  parceria com a população de Antas. De acordo com um morador no Lugar de Antas, as águas terão sido canalizadas e terão permitido que a localidade rubianense tivesse sido uma das primeiras no concelho a beneficiar de abastecimento de água através da rede pública. No entanto, a situação actual é bem diferente, na medida em que a água que vem da fonte de Sapardos se encontra per dida e desperdiçada pelo monte abaixo devido a algum problema que terá ocorrido na canalização (entupimento, corte…) e que não foi ainda identificado. Este problema de águas havia já causa do algum desconforto a Francisco Dias, o anterior autarca de Rubiães, que terá pedido por diversas vezes ao anterior presidente de Câmara, Pereira Júnior, que tratasse da resolução da situação. Segundo nos foi possível apurar, tudo terá caído num impasse devido ao investimento camarário que a operacionalização deste sub-sistema de abastecimento necessitaria, na medida em que se exigia a electrificação do local para viabilizar a desinfecção das águas (introdução do cloro na corrente) e outras normas exigidas pela regulamentação em vigor. Ainda terão sido conseguidos os postes para a referida electrificação, que é possível observar abandonados perto da nascente, mas nenhum outro avanço terá sido feito.

Entretanto, os moradores do Lugar de Antas são abastecidos pelo lençol freático que é captado no Poço do Souto (no monte de Antas, perto dos limites com Cossourado), uma solução que é contestada por muitos residentes, na medida em que “o poço é escasso para alimentar a rede, quanto mais para o regadio, que é para o que essa água sempre serviu”. O mesmo morador referiu ainda que “muitos agricultores que têm campos nessa zona nem sequer lavraram porque não tem água para regar”. Para além do desperdício da água do monte de Sapardos e da utilização para consumo de águas que as pessoas contestam para o regadio, os residentes queixam-se ainda que o Poço do Souto se encontra nas proximidades de diversas fossas sépticas, temendo a contaminação da rede. Por fim, as pessoas reclamam a água que foram elas próprias ou os seus antepassados a comprar, água essa que afiançam ser de uma “frescura e de uma pureza incomparáveis” e cuja posse temem “perder pelo passar do tempo, nada se fazendo para a reaproveitar”.

Uma fonte próxima à Junta de Rubiães disse à nossa reportagem que “foram várias as pessoas que nos alertaram para esta situação, havendo o caso concreto de um habitante de Antas que tem uma conduta de água particular que provém da mesma nascente e que se encontra na mesma cova que traz o cano da rede pública. Nessa zona, próxima da passagem da auto-estrada, o cano já vinha seco, o que mostra que o problema está a montante”. A fonte da autarquia local afirmou ainda que foi mostrada “por duas vezes junto dos serviços técnicos municipais, disponibilidade para diagnosticar e tentar resolver o problema, no entanto foi-nos dito que se tratava de um assunto cuja competência pertencia apenas à Câmara”. Dada a alegada omissão que os serviços autárquicos terão prestado ao assunto, soubemos ainda que a Junta de Freguesia se terá mostrado decidida a introduzir o assunto junto do respectivo responsável municipal, o vereador do Ambiente, Tiago Cunha, no sentido de abreviar a solução de um problema que traz bastante insatisfação aos moradores do Lugar de Antas, que terão entretanto começado já a recolher assinaturas no sentido de fazer chegar um abaixo-assinado às entidades competentes.

Antes do fecho desta edição, foi possível contactar a Câmara Municipal de Paredes deCoura, através do vereador do Ambiente, Tiago Cunha, que referiu que “o abastecimento de água para consumo humano no Lugar de Antas está a ser feito sem reclamações, irregularidades ou incumprimentos dos valores paramétricos – o que significa que está garantida a saúde pública e a confiança dos consumidores.” O vereador acrescentou ainda que “o sub-sistema propriamente dito, tem sido objecto de preocupação e intervenção do Município que, nos últimos anos, fez um investimento na ordem dos 35 mil euros e outros investimentos estão projectados para lá.” Por último, disse que “quanto a possíveis implicações negativas do sub-sistema no regadio, desde que o actual executivo iniciou funções, nunca nos foram comunicadas por quem quer que fosse, formal ou informalmente, irregularidades ou dificuldades da população. Se existem problemas, estamos disponíveis, como sempre,para receber e ouvir as pessoas e, com elas, encontrar uma solução”,concluiu Tiago Cunha.

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