Paredes, no distrito do Porto, tem cerca de 87 mil habitantes (dez vezes mais do que Paredes de Coura). Viseu, mais ao centro, ultrapassa já os 99 mil habitantes (mais do décuplo em relação a nós). Aqui ao lado, Viana do Castelo já anda pelos 90 mil habitantes. E Lisboa, a nossa capital, ultrapassa o meio milhão de habitantes.
Temos portanto dois municípios socialistas (Viana do Castelo e Lisboa) e dois geridos pelo PSD (Paredes e Viseu). Tradicionalmente as políticas destes partidos numa gestão autárquica são muito diferentes. Porém, estes quatro municípios (que são apenas um exemplo entre outros) ganharam um denominador comum nos últimos tempos: Aderiram ao IMI familiar. Logo, as famílias beneficiam de uma redução automática quando existem filhos. Esta foi mais uma medida dada pelo Governo de Pedro Passos Coelho no sentido de ajudar-nos a todos. “A intenção é facilitar a vida aos agregados que, até agora, tinham de fazer o pedido às autarquias apresentando um conjunto de documentos, como a titularidade do imóvel e a comprovação do agregado familiar”, explicava o jornal “Público” no passado mês de Agosto. Facilitar. Todos nós, penso eu, gostamos de ouvir esta palavra. Desde que nascemos que gostamos que nos facilitem tudo. Houve, por vezes, alturas na vida em que os nossos pais nos explicaram que há situações na vida que não devem ser facilitadas. Como a aprovação nos exames, por exemplo. Fazer qualquer tipo de batota na escola ou na faculdade iria trazer- nos consequências graves a curto ou a médio prazo. Pelo menos foi o que aprendi e hoje passo a mesma mensagem aos meus filhos.
Mas há outras situações em que a vida deve ser facilitada. Sobretudo em cenários de queda populacional. Esta é uma delas. Lisboa, gerida pelo PS e que nem se preocupa com o número de nascimentos, adoptou esta medida vinda do Governo. E Viana do Castelo, também com a cor dos socialistas, acolheu com um sorriso esta ajuda. E nós? E Paredes de Coura? Na sessão da Assembleia Municipal do passado dia 25 de Setembro, o PSD propôs exactamente isto que acabei de referir em relação aos quatro municípios exemplificados. O PSD também desejou o melhor para Paredes de Coura. O PSD quis que fosse aplicada por cá uma medida vantajosa e que poderia ajudar em muito as famílias courenses e contribuir para o aumento da natalidade a médio prazo.
Com muita pena nossa, a opinião do presidente da Câmara Municipal de Paredes de Coura é de que a aplicação desta medida resultaria em “marketing político”. Disse que é um “imposto cego” pois haveria a possibilidade de serem beneficiadas famílias sem necessidade disso. “Iria acudir tanto às pessoas com capacidade financeira como aos outros”, disse Vítor Paulo Pereira. Nada mais certo.
Apenas um erro. O nosso presidente da Câmara pensou com a cabeça de quem gere um município enorme como Lisboa ou até mesmo Viana do Castelo. Esses sim. Podem dar-se ao luxo de escolher entre aplicar ou não medi das que fomentem a natalidade. Para esses, que têm muitos milhares de residentes, esta medida é uma opção.
Mas para nós, isto deveria ser visto como um dever.
Uma obrigação. Uma urgência.
Claro que a medida proposta pelo PSD não foi aprovada. E não foi porque o presidente da Câmara considerou que “é uma medida meramente eleitoralista”. O PS considerou que é uma medida que “não vai mudar a vida das pessoas”.
Agora cabe a si, caro leitor, julgar estes factos. Julgue-os agora ou para o mês que vem ou então noutra altura mais propícia. Fica, porém, a certeza de que o PSD Paredes de Coura luta e tudo tenta para dar as melhores condições possíveis às nossas famílias. Temos as ideias, os projectos e o caminho a seguir. Infelizmente, o final da “novela” tem sido sempre o mesmo: Na hora de colocar em prática, há sempre os tais que não deixam. Sempre.
Curiosidade: Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco, é também um município gerido pelo Partido Socialista. Tem pouco mais de nove mil habitantes. Obviamente que aderiu ao IMI familiar. O município de Montalegre, também com as cores do PS, tem hoje pouco mais de 10 mil habitantes. Também aderiu ao IMI familiar. O caro leitor ainda pensa que são poucos? Tirando os que citei, temos “apenas” os seguintes: Arganil; Albergaria-a- Velha; Águeda; Cabeceiras de Basto; Cinfães; Castelo de Vide; Estarreja; Montalegre; Murça; Ovar; Penafiel; Vila Velha de Ródão; Vila Nova de Famalicão, Santa Cruz… e Braga, que é “só” a terceira maior autarquia do país. Todos aderiram. Todos se preocuparam. Nós, infelizmente, não.