São 15h 30min da tarde, de tom cinzento sem chuva no horizonte, apesar das preces diárias para que tal aconteça, já que lá vão dois meses de completa secura, e olho com lentidão absoluta para a cidade de Díli.
Dos cinco dias que lá estive, totalmente preenchidos entre o Hotel Timor e a Universidade Nacional Timor Lorosa’e, numa quase repetição de tarefas, de que a vida quotidiana é feita, resta-me a satisfação de ter contribuído para que 51 timorenses, homens e mulheres de vários distritos de Timor-Leste e todos eles professores, tivessem obtido o grau de mestre, dando novo rumo às suas vidas profissionais.
Fica-me, também, a impressão de que a cidade de Díli está em acelerado progresso de desenvolvimento: novos hotéis, novos espaços comerciais, novos restaurantes. Mantém-se a amálgama do trânsito de táxis e motos, que aparece pela madrugada e desaparece logo que o sol entra pelo mar vermelho dentro, o frenesim dos comerciantes indonésios e chineses, bem como o vaivém de assessores que inundam os gabinetes do governo e órgãos afins.
E como o tempo passa rapidamente, eis que já estou em Singapura, com cinco horas de espera pela frente para o voo destinado a Frankfurt.
Já não posso ir ao centro da cidade, mas já lá estivera há uns dias atrás.
Depois de ter reservado o hotel (Broadway), apanhei um táxi, que demora cerca de 20 min., para o centro, mas desta vez escolhi um dos mais emblemáticos bairros da cidade-país: Litte India.
Instalei-me no coração do bairro, visitei os deuses dos indianos, de cores garridas e alegres, em claro contraste com o culto dos cristãos e muçulmanos, percorri as ruas cheias de comércio e observei o movimento acelerado de um bairro que tem uma identidade própria.
Escolhi um restaurante verdadeiramente indiano, sem letreiros apelativos, sentei-me e eis que começa um ritual de um verdadeiro manjar, comido no meio de pessoas simples.
Come-se à mão.
Estranho bastante. Mas quero ser indiano, ainda que sejam muitas as dificuldades.
E gosto de comer à mão esta picante e saborosa comida, pois todos os outros o fazem com naturalidade, sentindo-se culturalmente integrados.
Sou mais um entre outros, com os seus usos e costumes dentro de uma cidade cosmopolita, como é Singapura. Adapto-me e sinto-me bem, aliás essa é uma das características mais marcantes da diáspora portuguesa, desde a façanha épica das descobertas marítimas.
Regresso, pouco depois, ao hotel, deito-me cedo, porque cedo partirei para o aeroporto, onde estou agora, de regresso a casa, depois de uns dias em Timor-Leste. Falta-me o percurso de 12h30min para Frankfurt – aumentado em meia hora, porque o conflito da Síria obriga a outros cuidados de segurança – mais um tempo de espera de várias horas, e passadas 2h 30min estarei em Portugal, onde é muito bom regressar.
Um feliz Natal e um 2016 cheio de coisas boas para os leitores do Notícias de Coura.