Absolutamente memorável esta edição de prata do Vodafone Paredes de Coura. 25 anos de Festival, um quarto de século de promoção sem igual deste concelho, antes esquecido dos media e hoje um ponto de referência de todas as gerações, no país e no estrangeiro, no que à música moderna diz respeito. A paisagem que a Natureza apresenta neste rincão, exponenciada aos limites do sublime no anfiteatro natural de todos os sonhos, que é o Taboão, é por estes dias capital do mundo, capital do céu e da terra.
De 16 a 19 de Agosto, passaram por aquele que já é considerado o habitat natural da música muito mais de 100 mil pessoas, ficando na retina o ambiente e a multidão em verdadeiro êxtase no último dia, altura em que perto de 30 mil fizeram do Taboão um ovo recheado de emoções sem par.
A habitual pacatez da nossa Vila começou por ser quebrada muitos dias antes, com a chegada dos festivaleiros que fizeram questão de aproveitar a relação harmoniosa e plena de afectos entre a população e o “pessoal do Festival”, algo que só acontece em Paredes de Coura. Assim, logo no dia 13, o Festival subiu à Vila, com milhares a apinharem-se na Rua Conselheiro Miguel Dantas, artéria pedonal onde foi montado palco para aquecer motores e abrir hostilidades, em jeito de preparação dos dias do Taboão.
Podia falar do extraordinário Benjamin Clementine, cuja actuação no dia 19 confirmou o músico de eleição que todos anteviram já há dois anos quando se estreou no nosso país; ou dissertar sobre o antigo vocalista dos Ornatos Violeta, um Manel Cruz que tem Paredes de Coura como sua há anos sem conta; podia escrever a propósito dos Foals, se quisesse assinalar uma das bandas indie do momento com mais seguidores; estarão até à espera que realce os norte-americanos At the Drive-In, banda punk que nos faz viajar aos idos de 90 ou os The Future Islands, que assinaram espectáculo prenhe de energia; todavia, o que me apetece é dar um abraço apertado aos Mão Morta, a sempiterna banda do Adolfo Luxúria Canibal, homem do norte, rockeiro sem idade, courense de adopção, nome que se confunde com o nosso Festival desde o século passado. Subiu ao palco, arrebatou o público, pôs as emoções à flor da pele e, em menos do que nada, milhares estavam a cantar os Parabéns pelos 25 anos do Festival.
E como os últimos são sempre os primeiros, cliché que não podia faltar em prosa desajeitada deste vosso escrevinhador, nota alta para a Escola do Rock, gigantesca banda courense de meninos e meninas que dão tudo pela música e fazem jus ao apodo desta terra – a Vila do Rock.
Boa noite, ver-nos-emos de 15 a 18 de Agosto de 2018!