CENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO QUE MARCOU O SÉCULO VINTE: 7 DE NOVEMBRO DE 1917, O DIA EM QUE O MUNDO (QUASE) MUDAVA

Geral

O Palácio de Inverno é tomado pelos bolcheviques (a facção radical dos social-democratas) a 7 de Novembro de 1917 (pelo antigo calendário russo, ainda Outubro). Nesse instante Lenine proclama o poder dos sovietes. O mundo nunca mais seria igual. Meses antes já o czar havia caído após estalarem as primeiras manifestações em Petrogrado, movimentos populares a que Nicolau II respondeu com desprezo e sangue.

Cem anos depois, a Revolução Russa para uns perdeu encanto, envelheceu e tornou-se na mãe de todos os males que assolaram a humanidade; para outros mantém-se envolta em aura de romantismo, guardada na memória dos afectos e das utopias que os amanhãs transformarão em novo céu na terra.

No entanto, em bom rigor, o que não pode ser negada é a importância da data, com ou sem os amanhãs que cantam; com ou sem o Homem Novo. Com, isso sim, os caminhos erróneos que, ao longo do século, levaram à privação de liberdades e à sucessão de déspotas que espalharam o terror e perpetraram milhões de mortos. Mas também com a esperança sempre renovada de que a Igualdade e a Fraternidade um dia poderão ser possíveis, trilhado outro caminho, decerto. Sem resignação, com luta, nunca deixando de regar as convicções, sem baixar a guarda, alerta, bem alerta, que o caminho que leva revoluções a resultados trágicos pode não ser o mesmo que, um dia, fará do homem um ser solidário – e solidário não é solitário, como bem diz a cantiga.