De 4 cordas e 12 trastos, o cavaquinho de Manuel Nunes não se tem mantido calado; do Lindoso onde nasceu, à grande Lisboa onde reside, com passagem obrigatória por este Romarigães de todos os encantos, por quem se perdeu de amores e se casou, o pequeno instrumento, visto muitas vezes como brinquedo, está a fazer sucesso nas suas mãos
Antigo despachante alfandegário, era Portugal aquele pedacinho de terra rodeado por uma enorme e apertada fronteira, Manuel Nunes é um daqueles homens para quem a idade nunca passará de um numero e o envelhecimento de uma inevitabilidade contrariada.
Casado com a Maria Emília, aposentada do Banco de Portugal, filha do “Tone da Maria-Zé”, Agualonguense de nascimento e Romariguense por opção e casamento, antigo e conhecido industrial hoteleiro na capital, o Nunes e a Emília encontraram o sorriso no amor às raízes, à família, à tradição, às pequenas grandes coisas da vida, no soar das gargantas ao acorde de um cavaquinho, um não, dois cavaquinhos a duas vozes, sim que o casal une-se em mais esta paixão e, juntos, integram um projecto musical, “Grupo de cavaquinhos do Monte”, que tem vindo a marcar presença em diversas associações e colectividades, nomeadamente a Casa Courense, onde, aliás, Manuel Nunes iniciou já um trabalho de ensino e ensaio, tendente à formação de um grupo de musica tradicional que futuramente a represente.
Se o cavaquinho é um grande amor na vida deste casal, o maior deles é a família, os netos que adoram o seu Romarigães, e as suas duas filhas, a saber; Maria João, engenheira, chefe de divisão de obra e exploração do gabinete de ambiente em Estradas.pt do IP- Infraestruturas de Portugal e a Ana Sofia Libreiro, arquitecta na Câmara Municipal de Almada.
Depois desta longa, mas a meu ver necessária, introdução-apresentação, chegamos agora ao que verdadeiramente motivou este escrito; O nosso amigo Nunes, orgulhoso como poucos do percurso profissional e académico das suas filhas, deu-nos conta da recente conclusão do Mestrado em Urbanismo sustentável e ordenamento de território na faculdade de ciências e tecnologia – Universidade Nova de Lisboa, da sua filha Ana Libreiro
Aos 44 anos de idade, Ana Sofia da Cunha Nunes Libreiro, casada e màe de dois filhos, a mais velha das duas irmãs, não rendida ao conforto profissional, continuou, e continuará seguramente, como o pai orgulhoso fez questão em nos dizer, a sua valorização académica, mestrado concluido com nota a “roçar o 20”, à imagem aliás do sucedido em 1995, aquando da sua licenciatura em arquitectura pela FAUT – Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa
Em jeito de rodapé, o Noticias de Coura, este correspondente em particular, dá conta da enorme satisfação com que leva a si o testemunho do sucesso dos Romariguenses, sejam eles de berço, colo ou afectos, apresentando aqui merecidas felicitações à Ana Libreiro pela conclusão de mestrado
“ O nosso concelho, a nossa freguesia, tem cada vez mais descendentes com formação superior, sendo eles essenciais ao desenvolvimento, quer cultural, quer tecnológico…”. É um facto e tem razão amigo Nunes, faço minhas estas suas palavras.
Soltas e breves
Concluída que está a primeira fase das obras da igreja paroquial; telhado, pintura exterior e lavagem de cantarias, multiplicam-se as iniciativas tendentes à angariação do dinheiro necessário ao pagamento da obra já efectuada, bem como a obtenção de fundos para a restante necessária obra , obra esta a lançar oportunamente numa segunda fase.
Desta vez, em agradável casamento da tradição com a generosidade, o grupo coral da paróquia, mais uns quantos convidados, decidiram meter ‘vozes à obra’’ e cantar as janeiras com este fim.
Reunidas as cncertinas, os ferrinhos e as vozes, afinadas as gargantas e feitos os ensaios, eis que no Domingo, dia 14, metem gargantas ao caminho e, de porta em porta, levam cânticos de apoio à igreja.
Contas feitas no final da noite, foram 1372.50 os Euros angariados numa bela noite de janeiras, bela pela tradição e bela pelo resultado. Iniciativa a repetir
Há noticias que surpreendem e que correm tão rápido como as lágrimas que motivam, em poucos dias Romarigàes perdeu dois dos nossos.
Somos cada vez menos, Romarigàes vai ficando mais pobre. O Anibal e o Zé Guerreiro, partiram “antes do tempo”, de forma surpreendente, sem aviso prévio, mergulhando quem os conhecia na dor e na incredulidade
O Noticias de Coura une-se numa lágrima comum às suas famílias a quem apresenta as mais sentidas condolências
Foram a sepultar no cemitério local perante uma multidão que chorou de dor, que descansem em paz