CASTANHEIRA: 93 ANOS DE SERAFIM E OS SEGREDOS DA LONGEVIDADE

Castanheira

No longínquo ano de 1925, o Lugar do Covelo via nascer, em pleno Dia de Portugal, alguém que hoje é das pessoas mais idosas da freguesia, com uma saúde e um frenesim a fazer mossa a gerações muito mais novas, carregadas de artroses e outras complicações.

Serafim da Cunha Barbosa, o nosso querido Serafim de Cajade, é o herói da nossa estória. Oriundo de uma prole de 6 filhos, um rapaz e cinco raparigas, completou no passado dia 10 de Junho, 93 primaveras, sendo,  a par de Policarpo Rodrigues e de António Alves Barbosa, o homem mais idoso cá do burgo, vendo na sua frente, no ranking de idades, apenas duas mulheres,  Narcisa e Januária Rodrigues, que, recentemente, trouxemos à estampa deste jornal. Chegar a esta etapa da vida não é tarefa fácil, muito mais com as potencialidades demonstradas por Serafim, a fazer inveja a gerações vindouras. Para conhecer os segredos de tamanha longevidade, nada  melhor que conversar com o próprio. Com uma lucidez invejável, foi um privilégio conversar com o tio Serafim.

Ficamos então a saber que casou aos 27 anos, resultando do matrimónio com a saudosa Helena Pereira, uma prole de 3 filhos, todos rapazes, o José, o Manuel e o Bento, sendo que estes dois últimos lhe fazem companhia diária. Viúvo há 9 anos, são os filhos a sua companhia diária. Para tamanha longevidade, não há segredos, apenas a persistência e a força de viver, depois de uma vida toda ela passada no campo. Eram tempos difíceis, de muita fome e privações. Hoje tudo é diferente, adiantando o nosso interlocutor que ao longo da vida apenas sofreu, há 4 anos atrás, de uma pneumonia que o atirou para as camas de um hospital. De resto, nunca houve doenças que o apoquentassem, e remédios é coisa que não faz parte do cardápio diário. Apenas um comprimido para controlo da próstata e, uma pinguinha de verdasco às refeições. Adora café, consumido em média três por dia, que não lhe tiram o sono. Gosta de levantar-se cedo, por volta das oito da matina, indo logo tapar as águas de rega nos campos e, mais tarde, faz questão de levar as vacas aos campos para pastoreio. Não se priva de pegar numa sachola e saltar para a horta, tratando dos produtos hortícolas.

Faz também companhia ao filho Bento, bebendo, os dois a meias, uma cervejola durante a tarde e, em época estival, não se priva de, a meio da manhã, beber um copito de vinho.

Quiçá, estará aqui o segredo da longevidade de um homem com uma pujança e um nível de vida de fazer furor a gerações bem mais novas. Assim vale a pena viver. Parabéns Serafim, vamos torcer para que venha de lá esse centenário.