“Cada minuto que se investe a fazer algo pela felicidade e bem-estar do outro, é-nos devolvido de forma multiplicada pelo Universo”. A frase é da apresentadora televisiva Fátima Lopes (não confundir com a estilista). E eu, desde criança, gosto de acreditar que assim é.
A tragédia abateu-se sobre Moçambique. E este país, por muito longe que esteja, é uma nação que está sempre perto de nós. Pelo menos deveria estar… até bem mais do que o Brasil ao qual chamamos “povo irmão”. Para começar, os moçambicanos falam português, mas um português de Portugal. E depois há toda uma história vivida em comum. Mesmo em tempos menos bons que o nosso país atravessou e que felizmente terminaram a 25 de Abril de 1974.
Ainda hoje há muitos portugueses que passam horas a fio aos almoços domingueiros a contar histórias da Guerra do Ultramar. Ou então outros episódios de tempos em que Moçambique parecia prosperar mais. Mas este continua a ser um país riquíssimo. Já nos deu tanto, sobretudo ao nível cultural.
E não é Paredes de Coura que tanto aprecia a cultura? Não somos nós que tanto investimos na cultura?
Moçambique já deu ao mundo grandes escultores e pintores. Continua a impressionar o mundo com a sua música e a “timbila chope” é hoje Património Mundial.
Mas Moçambique também nos deu literatura. Mesmo nunca tendo lido nada dele, quase todos já ouvimos falar de Mia Couto. É hoje um dos principais escritores da era contemporânea deste país. Mas há ainda Rui de Noronha, Noémia de Sousa e José Craveirinha. Este último recebeu o Prémio Camões em 1991.
Desporto também é cultura. E foi Moçambique que nos deu… Eusébio! Apresentações são desnecessárias, não é? Este país deu ao mundo Maria Mutola, vencedora de duas medalhas olímpicas nos 800 metros. Deu também ao mundo Clarisse Machanguana, a basquetebolista que jogou na WNBA.
Moçambique já nos deu tanto. Tanto! E agora precisa de nós. De mim e de si.
O furacão Idai tirou a vida a mais de 500 pessoas neste país. O número de vítimas mortais ultrapassa já as 800 quando somados o Zimbabué e o Malawi. Foram afectadas 2,9 milhões de pessoas, segundo dados das agências das Nações Unidas.
Moçambique foi claramente o país mais afectado. Há mais de 1.500 feridos, segundo as autoridades moçambicanas, que dão ainda conta de mais de 135 mil pessoas a viverem actualmente em centros de acolhimento, sobretudo na região da Beira.
Perante o que Moçambique nos deu, não podemos agora ser hipócritas ao ponto de fingirmos que Moçambique fica muito… muito longe. Não! Moçambique continua perto e temos de ajudar. E eu já fiz a minha parte. Já fez a sua?