O RIO COURA E O TURISMO DA NATUREZA – OU A GALINHA DOS OVOS DE OURO COMO COMPLEMENTO DO MEIO RURAL

Geral

No decurso de uma agradável visita que fizemos  aos limites geográficos que definem a freguesia de Padornelo, promovida e organizada pela Associação Desportiva e Recreativa local, acompanhados por elementos dessa Associação, do executivo da Junta de Freguesia e da Assembleia de Freguesia, tivemos oportunidade de constatar as várias valências existentes na freguesia, mais propriamente as admiráveis margens e leito do rio Coura, que se nada fizermos acabarão por “definhar” à semelhança do que tem vindo a acontecer nas mais diversas pequenas propriedades rurais por onde passamos.

Uma dessas valências, entre outras, é o encanto daquele leito, as suas margens e sombras, cuja recuperação e facilidades de acesso devem ser metas do planeamento de um turismo rural cada vez mais dependente da criação de motivos para que nos visitem, sabendo nós que a agricultura tradicional na freguesia e mesmo no concelho está em declínio acentuado.

O panorama que existiu ao longo de muitos anos, numa agricultura assente no milho, no centeio, na batata e no feijão, onde o milho se apresentava fortemente dominante, deixou de existir a partir da entrada dos fundos comunitários para os quais muito contribuiu o nosso país vizinho.

Daí que tenhamos de utilizar esse fabuloso curso de água, suas cascatas, suas margens, o ambiente e a cultura rural como atractivos e, a partir da criação de melhores condições de acesso, com o eventual recurso à constituição de servidões de passagem, gerar um turismo sustentável em zonas de excelente qualidade e rara beleza, as quais deverão constituir factores determinantes para a necessidade de implantação de uma faixa onde as pessoas possam recrear-se calmamente e conviver com a natureza.

A riqueza que pode e deve ser gerada com esta realidade, aliada às vistas deslumbrantes do monte denominado baldio dos Palheiros, da Capela de S. Tiago, entre outras, será decisiva para o processo de desenvolvimento económico fomentado pelo turismo, compensando a falta do já referido aproveitamento agrícola ou agroflorestal que, na verdade, praticamente deixou de existir no nosso concelho.

Neste desfrutar da tranquilidade fora dos grandes centros, por este torrão natal que sobre mim exerce um forte entusiasmo e apego, várias vezes me veio à memória, entre outros locais, as semelhanças com Monschau, cujo turismo é a única mola impulsionadora e que dá vida àquela cidade situada na parte ocidental da Alemanha em cujo vale estreito passa o rio Rur, onde o rafting, desporto de aventura, é uma constante.

Há que deitar mão a tudo do que de melhor temos, designadamente o turismo de natureza, permitindo também a viabilização e o aproveitamento de alguns terrenos agrícolas deixados ao abandono, com uma gestão sustentada de conservação activa pelo uso de práticas adequadas de exploração e utilização racional do que melhor temos no nosso concelho.

A tentativa de conciliação de uma agricultura depauperada com as actividades de turismo de natureza é, não só possível, como recomendável, proporcionando às pessoas de cá e àquelas que nos visitam e que gostam de conviver e de praticar actividades ao ar livre, motivos para os convocar para uma melhor qualidade de vida.

O aproveitamento das zonas rurais, designadamente as margens do rio, proporcionará a todos um complemento das suas actividades com o turismo ligado à natureza, surgindo-nos como uma resposta interessante, evitando o abandono em que se encontram parcelas de extraordinária beleza que me reencaminham para o conhecimento do passado e de tudo o que ajudava a viver esta comunidade.

A potencialidade do turismo baseado neste quadro risonho de paisagem luxuriante, com a tão propalada e desejada melhoria das ligações ao nosso concelho, ajudará a incentivar o desenvolvimento através de quem nos visite.

Seria, por isso, interessante que surgisse vontade política e ajudas dirigidas para locais onde, efectivamente, podem gerar mais riqueza e trazer um número significativo de pessoas a Paredes de Coura que, inquestionavelmente, conduziriam a uma melhoria da qualidade de vida para toda a população.

Os responsáveis pelo passeio bem como os eleitores de Padornelo já deram o primeiro passo ao eleger gente jovem, com sensibilidade e apaixonada, dando-nos a conhecer naquele domingo de sol radioso na paisagem e na alma das pessoas,  a necessidade de um aproveitamento do melhor que temos na freguesia, nomeadamente a utilização das referidas margens de uma forma simples e ordenada, que acabará por ser, não tenho dúvidas, a “galinha dos ovos de ouro”.