Na madrugada de 19 de Maio de 1970 abri os meus olhos para o mundo. Nasci em França, num dia de sol.
Nesse mesmo dia, fui registada com um nome que surgiu do acaso, ou destino. E isto porque o registo francês não permitia a utilização de preposições nos nomes próprios.
Passo a explicar. Os meus pais tinham decidido atribuir-me um nome composto com preposição a meio, Maria do Carmo. Eles queriam que eu adoptasse o nome da madrinha que me tinham escolhido.
Sozinho no momento, olhando pela janela por onde espreitavam os raios de sol matinal, o meu pai sabia que tinha que decidir. Não sei se por efeito de um desses raios, ou porque queria resolver o impasse da escolha do nome, ele decidiu na hora que eu haveria de me chamar Helena. Que por coincidência ou não, é de origem grega e tem um significado associado ao raio de sol. O termo “hélê” quer dizer “raio de sol”, fazendo com que o significado de Helena seja “a reluzente” ou “a resplandecente”.
Quis também o destino que o meu nome Helena não se fizesse acompanhar de ‘Maria’ que era usual na altura, e que compunha o primeiro nome para mim escolhido. Obras do destino? Talvez sim ou talvez não! O certo é que eu adoro o meu nome. É simples e frágil e é poderoso ao mesmo tempo, e por inerência, a origem é muito calorosa, por sinal. E também porque este foi escolhido pelo meu pai, o meu eterno herói.
Helena, Lena ou Leninha. Os nomes que me fazem virar a cabeça, e pelos quais me reconheço. Um nome que está de alguma forma ligado ao Sol, ao raio de sol, ou à luz que este reflecte. E àquele raio solar que atingiu o meu pai no momento em que tinha que escolher o meu nome.
Esse raio viajou 150 milhões de quilómetros para chegar até àquela janela. Apenas oito minutos para cobrir esta distância. Uma velocidade tão grande que quando contextualizada com o tempo faz com que este se anule. E, trocando isso por miúdos, caro leitor, quanto mais rápido, ou próximo da velocidade da luz, um corpo se desloca, menor é o tempo que passa por ele. De repente e não sei bem porquê, apetece-me correr. A verdade é que o meu tempo está bem perto do meio século. E se eu tivesse andado muito e mais rápido, teria poupado algum tempo? Uma pergunta estranha mas válida, caro leitor. Uma pergunta que fica no ar.
Este fenómeno, esta reflexão, estão devidamente explicados na Teoria da Relatividade de Alberto Einstein. Quem é que não reconhece este nome? Este físico fabuloso e que porventura também era disléxico. Como eu, na dislexia pelo menos!
Resumidamente, a Teoria da Relatividade afirma que o tempo não é igual para todos, podendo variar de acordo com a velocidade, a gravidade e o espaço. Pois é, caro leitor! Continue sentado no sofá que vai acabar por envelhecer muito mais rápido. É que, segundo essa teoria, para fazer com que o tempo ande mais devagar, basta movimentar-se.
Voltando agora à origem do meu ser, do meu nome e da data do meu nascimento, aponto mais uma data. Foi em 19 de Maio de 1905 que Albert Einstein publicou a sua tese sobre a Teoria da Relatividade. Esta data que é me tão familiar nos números que me deixa perplexa e pensante.
E agora, relativizando alguns assuntos de uma forma mais vulgar, o ser humano apesar de racional, tem uma capacidade cada vez maior de esquecer. Esquece momentos, esquece pessoas e até mesmo datas especiais.
Pode até relativizar o que eu acabei de opinar. Aceito e respeito! Mas, caro leitor, nunca relativize a amizade. Porque a amizade é uma das poucas coisas importantes que ganhamos nesta vida de vitórias e derrotas.