A Primavera vai trazer novos caminhos
Fazer diferente para manter igual. Basicamente foi esta a premissa que esteve por detrás do surgimento dos Meandros do Coura, um projecto que visa a construção de percursos interpretativos no rio Coura e que deve estar aberto ao público, em pleno funcionamento, na próxima Primavera. Ao todo são cerca de 1200 metros de extensão, desde a praia fluvial do Taboão até à Ponte da Peideira, que poderão ser percorridos tanto numa margem como na outra.
“Não são o típico trilho feito através de passadiços porque quisemos fazer exactamente o contrário”, explica o presidente da Câmara de Paredes de Coura, que diz que “praticamente todos os municípios têm hoje percursos por passadiços e seria muito mais fácil que repetíssemos essa ideia”. O que seria totalmente contra a filosofia que o executivo de Vítor Paulo Pereira tem defendido desde que chegou à autarquia, que passa precisamente pela diferenciação. ”Estaríamos a perder a nossa identidade e é isso que vai valer muito no futuro”, esclarece o autarca, adiantando que “o que queríamos era preservar o ambiente e manter o que é autêntico na nossa terra”.
Numa só caminhada, o projecto dos Meandros do Coura irá possibilitar a interacção com três áreas diferentes da paisagem concelhia. Por um lado o carvalhal, junto à praia fluvial do Taboão, depois o prado, que é representado por toda a envolvente de terrenos agrícolas por onde passa o percurso, tanto dum lado como do outro do rio, e ainda a cascata, aproveitando a parte do rio Coura que é composta por diversas quedas de água e rápidos, entre a ponte da Peideira e o fundo do lugar de Santa.
Um projecto que irá permitir uma experiência imersiva completa na paisagem e que, por isso mesmo, representa uma intervenção mínima no espaço onde se insere, que não descaracteriza o que existe. E a pensar nisso, explicam os responsáveis pela ideia, não se pretendeu fazer um simples percurso, mas “criar condições que permitissem que o território existente fosse percorrível”, o que no futuro irá permitir aos visitantes terem contacto com o uma realidade que é a mais aproximada possível à que existia naquela zona.
Ao longo do percurso, e por forma a dar ainda mais valor à experiência, foram projectados alguns elementos arquitectónicos que vão igualmente servir de pólo de atracção para a zona abrangida. Desde pequenas paragens a travessias que permitem passar facilmente de um lado para o outro da margem, até pequenos retiros, miradouros aproveitando o potencial natural do espaço, e até alguns abrigos para os dias em que o clima esteja menos apetecível.
Um projecto que, recorde-se, chegou a gerar alguma controvérsia durante a campanha eleitoral para as últimas autárquicas, com a candidatura do PSD a dizer que o PS estaria a roubar uma ideia sua, numa altura em que o projecto já tinha sido discutido pela Câmara meses antes e, inclusivamente, o concurso já teria sido lançado. As obras começaram no ano passado e a empreitada inicial já está concluída. Restam agora alguns ajustes que será necessário fazer por forma a garantir a funcionalidade e a segurança do percurso. Pequenos trabalhos mas que, dadas as condições climatéricas, requerem algum tempo e cuidado na sua execução.