Última Hora

quotidianos

23 de Junho de 2020 | José Augusto Pacheco
quotidianos
Opinião

Finalmente!

Se abril é o mês da formação do concelho e se é ainda o mês da liberdade, junho é o mês da confirmação da obra tão desejada: a ligação à autoestrada.

Já no tempo do Miguel Dantas se descreviam as estradas como lastimáveis e os seus descendentes, ao longo de século e meio, confirmaram essa situação, que se foi agravando cada vez mais.

16 de junho de 2020: consignação da empreitada para a ligação do parque industrial de Formariz à A3, ou seja, da estrada que vai encurtar a distância entre o nó de Sapardos (e como será mais fácil para os moradores de Antas!) e o nó de Nossa Sr.ª do Livramento.

Sim, este poderá ter esse nome, pelo menos para aqueles que o pretendam, porque a ligação termina ou começa precisamente aí, passando pelo nó de Linhares e pelo nó de Cossourado.

Quer dizer: a obra foi entregue à empresa de construção e o prazo começou a contar nesse mesmo dia – e se fosse colocado um relógio do tamanho das nossas crenças, num dos pontos da sede do concelho, com a contagem do tempo descendente? –, terminando a 8 de dezembro de 2021.

São 540 dias de espera. São 8,8 km. O custo é de 8 989 959,80 €, contribuindo a Câmara Municipal com 15%.

Tudo claro e transparente.

Para os que não acreditaram, fez-se luz. Uma luz bastante forte. Mas essa luz nunca deixou de estar acesa.

Foi António Pereira Júnior quem acendeu primeiramente essa luz. Com uma vontade quase inquebrantável, apenas ofuscada pela indecisão política, a nível nacional. A ligação chegou a estar orçamentada, houve, inclusive, dois traçados alternativos, mas a luz foi-se extinguindo.

Porém, não se apagou por completo. Os herdeiros de António Pereira Júnior deram mais chama a essa luz, que foi crescendo em intensidade. A equipa liderada por Vítor Paulo Pereira, esse sonhador que gosta de habitar o reino do impossível, porque, como ele próprio diz, lá não existe concorrência, meteu mãos à obra e, depois de problema atrás de problema, lá conseguiu este feito memorável para o concelho.

Como me lembrou o vice-Presidente, Tiago Cunha, uma das últimas questões a serem ultrapassadas consistiu na justificação, em nome da racionalidade económica, do investimento a realizar pela Câmara Municipal. É bem caricata essa exigência, porque o óbvio é óbvio para todos os courenses, exceto para os senhores do Terreiro do Paço, de onde não avistam a província, já que a verdadeira província é o Terreiro do Paço.  E como foi dada essa justificação?

Pura e simplesmente com palavras do último quartel do século XIX, proferidas por Miguel Dantas.

Que sageza política!

São estes pormenores que tornam ainda maior o acontecimento. E a atual vereação da Câmara Municipal, não esquecendo o caminho desbravado por António Pereira Júnior, merece o reconhecimento generalizado dos courenses.

A cerimónia foi simples, mas profundamente significativa.

Foi um desconfinar em tempos de confinamento social.

 

 

 

 

 

Comments are closed.