Estamos em plenas vindimas no Alto Minho. As uvas já se encontram doces o suficiente para serem colhidas. Apesar do contexto em que nos encontramos, fruto amargo desta pandemia não desejada, o prognóstico não é mau. Esperemos, caro leitor, que esta safra origine vinhos dignos de serem bebidos… e, evitando os excessos, próprios para atenuar a dureza da conjuntura que se aproxima.
Até ao dia 30 de Setembro encontramo-nos em situação de contingência em todo o território nacional continental. Mas isto não se deve as vindimas no Alto Minho. Deve-se à situação epidemiológica que se verifica em Portugal em consequência da pandemia pela Covid-19.
Eu confesso-vos, caros leitores, que esgotei a minha paciência em relação a este assunto. Não me refiro à minha e vossa obrigação em esgotar todos os meios disponíveis para nos proteger e para proteger os nossos e os outros. Nesse sentido farei todos os possíveis para cumprir. E estou certa, caro leitor, que fará o mesmo que eu!
A lógica neste contexto centra-se sobretudo em saber viver em comunidade respeitando os limites que nos são impostos e nunca invadindo o espaço alheio. As regras quando existem, são para ser praticadas e cumpridas. Nunca devem ser desvalorizadas ou descredibilizadas. Qualquer desvio, na situação em que nos encontramos, pode ser fatal, para alguns. A doença tem um comportamento aleatório de pessoa para pessoa. A roleta está a rolar, caro leitor! E quando esta parar que não seja pela nossa mão!
Se estes infelizes deslizes acontecerem, que o sejam de forma involuntária. Errar é humano e a distração está sempre à espreita e, infelizmente, nesta situação ela é tudo menos complacente.
Nas nossas atitudes e no nosso comportamento está parte da solução. Cada um de nós tem de cumprir. Devemos respeitar o que os nossos governantes decidirem. Devemos implementar as medidas que estes consideraram como sendo as mais adequadas para atenuar e tentar controlar esta pandemia.
No entanto, neste contexto, se errar é humano, enganar torna-se altamente desumano. Este comentário vale para ambas as partes, eleitores e eleitos. Tolerância zero perante determinadas decisões lamentavelmente tomadas de forma voluntária. Sabe porquê, caro leitor?
Em parte, pela falta de civismo que facilmente se deteta nos comportamentos sociais de determinados indivíduos considerados irresponsáveis, para não dizer criminosos. Mas sobretudo por certas manobras de diversão que só servem para controlar a opinião pública. Sendo estas cada vez mais visíveis em determinadas decisões políticas. Todos sabemos que é necessário dinheiro para governar, mas é necessário muito mais dinheiro para manter a sociedade controlada. Esta pandemia criou mais do que um problema, criou um número infinito de grandes problemas. Todo o dinheiro do Estado, aquele que advém do suor da maioria dos contribuintes, deve ser usado com cautela, com contenção e sobretudo e conforme orientações para outros fins nesta pandemia, não deveria ser gasto em prol daquilo que não é considerado um bem essencial. E se tal for inevitável, deverá ser devidama e conscientemente justificado.
Se temos um problema para resolver não podemos nem devemos deixar ao acaso a sua resolução. Se a saúde pública está em risco não devemos relativizar e muito menos poupar com a adopção de soluções menos ou nada eficazes. Já todos sabemos da importância dos números quando se pretende gastar dinheiro dos cofres do Estado. Mas não devemos nunca esquecer que também são os números que decidem quem deve gerir esse tal dinheiro.
E para finalizar este momento, caro leitor, proponho-lho um brinde. Um brinde á vida de cada um de nós. E sendo a nossa escolha tão importante nos momentos de decisão, faça um favor a si próprio e escolha “vinho digno de ser bebido”.