PADORNELO. ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA VENCEU O TONINHO

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Há cerca de um ano e meio, em julho do ano passado, estive em casa do Toninho e da Cristina e tive o privilégio de ouvir o seu testemunho, enquanto portador da doença ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), uma doença neurodegenerativa rara.

Hoje, infelizmente, escrevo no dia em que lhe dissemos o último adeus, despedindo-nos assim de um verdadeiro guerreiro.

O Toninho (José António Rodrigues dos Santos Azevedo) foi um pai de família, um homem ativo na comunidade e um reconhecido funcionário da Transcoura. Foi também um dos sócios-fundadores da Associação Cultural de Padornelo e um emblemático Veterano do Sporting Courense, sendo, por tudo isto, um rosto muito conhecido no nosso concelho.

Até ter recebido o diagnóstico da doença ELA, no verão de 2019, foi sempre um homem forte, saudável e muito ligado ao desporto. A partir daí, juntamente com a sua família, teve de enfrentar a dura realidade, adaptar-se à evolução da doença e criar novas rotinas. Mas para além disso, o Toninho, por ser um homem muito lúcido e perspicaz, investiu muito no estudo aprofundado das caraterísticas desta doença e daquilo que até ao momento estava a ser feito para a combater, ao nível laboratorial. Através das redes sociais e servindo-se dos meios que tinha à sua disposição, o Toninho falou sempre da doença de forma franca e aberta: para que todos os doentes de ELA fossem tratados de forma digna a adequada e para que se falasse nesta doença, influenciando assim as instâncias superiores a fazerem investimento nesta área, para que se encontre tratamento.

O Toninho deixou-nos um grande exemplo na maneira como lidou com toda esta situação. Nunca se escondeu e nunca baixou os braços, acreditando sempre no poder da divulgação da realidade dos doentes de ELA, numa tentativa de influência dos governantes e da poderosa indústria farmacêutica. Há cerca de três semanas, o Toninho participou na Magusto da Associação de Padornelo. Esteve presente, embora já muito debilitado, mas cumprimentou muitos amigos, deliciou-se com a atuação do seu grande amigo Nuno Pacheco, dos Kalhambeke, e ainda dirigiu algumas palavras aos presentes (recorrendo, para isso, às novas tecnologias). Nessas palavras, o Toninho mostrou a sua gratidão para todos quantos o foram acompanhando neste percurso, falou da doença e falou do projeto que tinha em mãos: a escrita da sua biografia. Foi uma noite que ninguém esquecerá certamente e essa é a melhor homenagem que se lhe pode fazer: mantê-lo na nossa memória e contribuirmos para a causa dos doentes de Esclerose Lateral Amiotrófica.

Os últimos tempos foram muito difíceis para a família, contando, apenas, com alguns amigos que estiveram sempre por perto! Um bem-haja para todos eles por todo o apoio prestado! Muita força para a família! E um merecido “Descansa em paz!” para o Toninho!