Apesar de ainda não ter tomado posse, após ter vencido a indesejada geringonça que até lhe serviu e utilizou em benefício próprio no passado, prepara-se o Exmo. Primeiro- Ministro para esta nova caminhada bem mais difícil e solitária. O percurso que está prestes a iniciar está com o piso bastante acidentado, sobretudo desnivelado e sem esquecer dos seus possíveis destinos incertos e duvidosos. E já agora para não falar do preço dos combustíveis, que está de fugir ‘a pé’.
Parece-me, caro governante, que este seu novo mandato poderá, dependendo de si e de quem escolheu para o acompanhar nesta caminhada, colocar o país, os portugueses, e o seu partido numa situação pior do que aquela em que se encontra actualmente. Respire fundo, e encha bem os seus pulmões de ar puro, filtrando as poeiras e o coronavírus que pairam por aí, ar que para já ainda é gratuito, antes de iniciar esta sua próxima caminhada. Porque se tiver que depender de combustível para se deslocar, então esqueça, meu caro, porque apesar do lucro que este dá, às nossas custas, e que enche os tanques do Estado, não haverá cofre nenhum que aguente e sustente essa sua nova viagem.
Não nos encontramos bem, é um facto. E isto, a meu ver, talvez aconteça devido à actuação do seu antecessor, e que conhece bem melhor do que eu. Este, ou por falta de vontade, ou por falta de competência, dele ou de quem o acompanha, não está a saber responder perante a situação dramática em que Portugal se encontra de momento. Em vez de apresentar soluções viáveis e concretas, soluções que ajudem quem trabalha e quem produz, todos aqueles que ajudam a encher os cofres do Estado, o Excelentíssimo decisor-mor tem passado muitas horas em viagem em busca de soluções, sendo que algumas só dependem dele, ou a esconder-se por detrás das fatalidades, que infelizmente estão a acontecer por este mundo do ‘salve-se quem puder’. Primeiro da pandemia e actualmente da guerra na Ucrânia. E brincando com a realidade bem actual, talvez até as poeiras do continente vizinho tenham aparecido para o camuflar.
Caros governantes, empossados ou não, leiam o passado e prevejam o futuro. Parece-me que os portugueses ficam muito mais atentos quando os recursos escasseiam. Em situações de crise e de pobreza, nem o futebol, nem as novelas, e nem os ‘reality shows’ vão conseguir distrair os portugueses. Somos considerados calmos e pacíficos, é um facto, mas isto não quer dizer que não estejamos prontos para lutar, defender e reivindicar o que é nosso, sobretudo em tempo de crise. Passamos a vida empenhados em resolver os nossos problemas, e somos solidários perante alguns problemas alheios, muitos deles provocados por governanças financeiramente sugadoras. Cativadoras de bens que tentamos arrecadar numa missão quase que impossível. Mas isto não quer dizer, caros governantes, que não nos importamos com o que se passa à nossa volta ou que não estejamos prontos e preparados para defender o que é nosso e sobretudo o que é de todos.
Não nos venham com justificações vãs e falinhas mansas, nem com contos e nem com dramas, e muito menos com contagens e percentagens. A comunicação social também existe para esse fim. O que realmente precisamos de vocês, caros governantes, é que governem. Como diz a minha sábia mãe, numa casa bem governada tudo corre bem, sobretudo nas alturas de mais dificuldades, o importante está no saber governar. Por isso corrijo o meu apelo anterior, governem bem a nossa casa pátria, e se não sabem, aprendam a ‘saber governar’.
Caros governantes, eu tenho a certeza de que todos os portugueses já perceberam que o custo de vida em Portugal está a subir, e uma grande maioria até se está a preparar para as dificuldades que possam advir dessa subida. O que parece ser mais difícil de perceber é o porquê da dificuldade em vocês responderem com convicções e acções concretas para diminuir essa escalada. Acções essas que ajudariam a mitigar os efeitos que estes aumentos irão provocar nos bolsos dos portugueses e nos cofres das empresas. Os preços a pagar por bens imprescindíveis estão em ascensão. E porquê, caro leitor? Talvez porque alguém não estará a saber governar a nossa casa-pátria. Pergunto-vos agora – e saberá essa gente governar a sua própria casa?