MÚSICA E LIVROS EM NOME DA LIBERDADE
Paredes de Coura dedicou este fim-de-semana ao 25 de Abril e ao início das comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos.
Tudo começou com Salvador Sobral. Na sexta-feira, 22, o músico apresentou ao vivo no Centro Cultural de Paredes de Coura o seu mais recente álbum de estúdio. Com lançamento mundial em Maio do ano passado, ‘bpm’ assinala a primeira vez que Salvador Sobral se aventura na edição de um disco composto inteiramente por originais de sua autoria, em parceria com Leo Aldrey, que assina também a produção do disco. “Sangue do meu sangue”, “Paint the town” e “Aplauso dentro” (com Margarida Campelo) foram os primeiros temas extraídos de um conjunto de 14 canções inéditas que arrecadaram elogios da crítica e do público. Nesta presença em Coura, Salvador Sobral faz-se acompanhar de André Rosinha (contrabaixo), André Santos (guitarra), Bruno Pedroso (bateria) e Max Agnas (piano). Este como os espectáculos dos dias seguintes tiveram a totalidade da receita a reverter para as vítimas da guerra na Ucrânia.
Ainda no plano musical, no dia seguinte, o Centro Cultural assistiu a um espetáculo de spoken word pelo projecto Estilhaços, de Adolfo Luxuria Canibal, António Rafael (ambos elementos dos Mão Morta), Henrique Fernandes e Jorge Coelho, que se fizeram acompanhar pelo CouraVoce. Só a vida em Liberdade proporcionada pelo 25 de Abril de 74, e o gosto de trabalhar a voz em liberdade, tornaram possível a existência destes projectos. Ao longo da noite o CouraVoce, orientado pelo maestro Vítor Lima, trouxe a palco o seu repertório, ilustrado em conjunto pelos temas de Estilhaços.
Já a tarde de 25 de Abril foi dedicada aos Criatura, que apresentaram em Coura o disco ‘Bem Bonda’. Acácio Barbosa (guitarra portuguesa), Alexandre Bernardo (bandolim, guitarra acústica e cavaquinho), Cláudio Gomes (trompete), Edgar Valente (voz, teclados e adufe), Fábio Cantinho (bateria), Gil Dionísio (voz e violino), Iúri Oliveira (percussões e Mbira), João Aguiar (guitarra elétrica), Paulo Lourenço (baixo elétrico) e Ricardo Coelho (gaita de foles, flauta transversal, ocarina e palheta beiroa) revisitaram a memória popular do território que habitam, a partir da qual criam a música e a arte que nasce de outras formas de olhar, sentir e ser a tradição.
Antes dos Criatura subiu ao palco, o escritor Valter Hugo Mãe, que apresentou em Paredes de Coura a sua mais recente obra – ‘As doenças do Brasil’.
Ainda no plano editorial, também Manuel Tinoco, director do NC, apresentou o seu livro ‘Vou ali e já venho’, na noite de sábado, tendo a seu lado o presidente da Câmara, Vítor Paulo Pereira, o professor catedrático da Universidade do Minho José Augusto Pacheco e a poetisa Marlene Castro.