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41 ANOS DE TRABALHO NA SANTA CASA. VENÂNCIO, EDVIGES E LURDES RESISTEM DESDE A INAUGURAÇÃO DO LAR

5 de Julho de 2022 | Albano Sousa
41 ANOS DE TRABALHO NA SANTA CASA. VENÂNCIO, EDVIGES E LURDES RESISTEM DESDE A INAUGURAÇÃO DO LAR
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Inaugurado em 22 de Maio de 1981 pelo secretário de Estado da Segurança Social da altura, António Bagão Felix, e benzido pelo arcebispo-bispo da Diocese de Viana do Castelo, Júlio Tavares Rebimbas, o Lar de Idosos da Santa Casa da Misericórdia de Paredes de Coura leva já 41 anos de actividade.

Dos funcionários que então iniciaram serviço nesta valência, fomos encontrar apenas 3 resistentes, que no corrente ano de 2022, completam 41 anos de actividade profissional.

João Alberto Fontes Venâncio, 65 anos, residente na vila de Paredes de Coura; Edviges Maria Silva Costa, 63 anos, residente no Lugar de Sequeirô; e Maria de Lurdes Jesus Sousa, oriunda da freguesia de Castanheira, são os 3 rostos ao serviço dos utentes do Lar desde o ano de abertura, com mais de 4 décadas ao serviço desta nobre causa, que é cuidar das pessoas mais idosas.

O João Venâncio exerce actualmente a profissão de electricista, mas o ingresso na Santa Casa foi com a categoria de fogueiro. Para lá de fogueiro ou mais recentemente electricista, o João é um verdadeiro bombeiro da Santa Casa. Sempre que alguma avaria surgia era logo solicitado, fosse dia normal de trabalho, fim-de-semana ou noite dentro. Não tinha horários, mas reconhece que nunca foi recompensado por isso. Ao longo dos tempos são muitas as histórias para contar. Na altura era necessário tratar das caldeiras que movimentavam todo o edifício. Tinha como colegas o Dantas, de Vascões, e o saudoso Fernando, da vila. Mais tarde ficou sozinho, face à aposentação de um e ao falecimento de outro. O maior susto que apanhou ao longa destas 4 décadas, foi quando ao limpar a caldeira, provocou uma chama no interior que lhe provocou diversas queimaduras pelo corpo.

Teve ainda a oportunidade de mudar de profissão, indo, durante 6 anos, trabalhar para o Centro de Saúde, onde chegou a ser farmacêutico e radiologista, no entanto, devido á insistência do então provedor, o saudoso Nelson Lima, regressou à Santa Casa, com a promessa de melhoria das condições contratuais. Por ironia do destino, poucos meses volvidos após o regresso à Santa Casa, o então provedor sofreu de uma doença súbita, acabando por falecer, caindo por terra a promessa da melhoria contratual. À nossa reportagem, o João foi dizendo que, o que mais o cativou ao longo de todos estes anos, foi aprender a lidar e a compreender as pessoas mais idosas, por quem sempre nutriu muita estima e consideração.

Por sua vez, Edviges Costa e Lurdes Sousa, ambas com a categoria profissional de ajudantes de Lar, relembram os tempo iniciais de funcionamento do Lar, na altura com pouco mais de 20 utentes. Hoje, são 67 os residentes, a maioria dos quais dependentes, ao contrário dos primeiros anos, onde a maioria eram pessoas independentes.

Com um quadro de pessoal a rondar os 40 funcionários, ao serviço de diversas funções, memorizam as diferenças existentes entre os primeiros anos de actividade e os dias de hoje. Antigamente era muito mais complicado, porque para além da falta de formação que todas denotávamos, o material de apoio médico e higienização era muito escasso, no entanto, os idosos mereceram sempre todo o carinho e dedicação, sendo sempre muito bem tratados.

Depois de 16 anos ao serviço no internamento, valência instalada no edifício do Lar de Idosos, as duas regressaram ao local original, após o encerramento do internamento.

Sem o registo de faltas por baixa médica ao longo da carreira, apenas com a licença de maternidade por ocasião dos nascimento dos filhos, estes dois rostos mais antigos da Santa Casa recordam os diversos provedores que por ali passaram, a começar, desde logo, pelo padre Peixoto, seguindo-se depois Nelson Lima, António Pereira Júnior e, actualmente, o padre Manuel Alberto Lourenço. “Pessoas distintas, com formas de ser e estar diferentes”, acrescentam.

Sendo uma profissão de forte desgaste, esperam levar a missão até ao fim, num horário laboral que se estende pelos turnos da manhã, tarde e noite, ou seja, os idosos nunca estão sozinhos, para lá da assistência médica prestada por médicos e enfermeiros, mas sendo as ajudantes de Lar a companhia durante as 24 horas.

As maiores dificuldades encontradas ao serviço do Lar, centram-se na fase inicial, onde faltava experiência e formação e, mais recentemente, durante o período da pandemia, onde foi exigido um trabalho redobrado e onde os idosos se sentiam aprisionados.

Apesar das dificuldades próprias de uma profissão exigente, ambas mostraram orgulho no trabalho que realizam, não se sentindo arrependidas da opção tomada há 41 anos.

Foi gratificante a conversa com estas 3 pessoas, dando a conhecer um pouco o dia-a-dia de alguém que se dedica, da alma e coração, a cuidar dos nossos idosos, sentindo o quanto eles são mimados e bem tratados. Parabéns por isso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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