Na bagagem de uma viagem colocamos o que consideramos essencial para que o nosso bem-estar seja assegurado. Sobretudo quando não sabemos o que nos espera no ponto de chegada. Mesmo que a organização da visita tenha sido bem programada, há sempre um pormenor esquecido ou um imprevisto repentino que nos provoca uma ligeira ansiedade na partida.
Recentemente desloquei-me até Bruxelas, como dirigente associativa conjuntamente com outros colegas de outras zonas do país. Fomos a convite da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal e do eurodeputado Álvaro Amaro, para conhecer in loco como funciona politicamente a União Europeia (UE) e perceber qual a missão das instituições, dos eleitos e dos nomeados que vestem as cores da nossa bandeira.
A CAP representa-se em diferentes organizações internacionais, nomeadamente no CESE – Comité Económico e Social Europeu, na COPA – Comité das Organizações Profissionais Agrícolas, no ELO – European Landwoner Organization, na GEOPA – Grupo dos Empregadores das Organizações Profissionais Agrícolas, no CEPF – Confederação Europeia dos Produtores Florestais, e na própria Comissão Europeia. E por este motivo, mas não só, a CAP mantém uma delegação permanente em Bruxelas.
O eurodeputado Álvaro Amaro, com um vasto currículo político no PSD. integra o grupo PPE do Parlamento Europeu, conjuntamente com os restantes eurodeputados do PSD, entre eles o Paulo Rangel, que estava de partida quando chegámos, e o José Manuel Fernandes, o eurodeputado minhoto, e ainda a Maria Carvalho que nos foi dar um ar da sua graça para cumprimentar-nos. Voltando ao Álvaro Amaro que nos recebeu com a simpatia que lhe é própria, e apesar da sua recente chegada ao Parlamento Europeu foi eleito presidente do Intergrupo “Biodiversidade, Caça e Mundo Rural”. Temas de imensa importância na agricultura e desenvolvimento rural.
Fomos então convidados para reuniões de trabalho quer no parlamento europeu com o eurodeputado, quer na embaixada de Portugal com César Cortes no cargo de conselheiro técnico principal na Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia (REPER). Estas jornadas de trabalho serviram para nos dar uma ideia de como é negociada a nossa vida, as nossas obrigações e os nossos direitos como entidades e cidadãos europeus que orgulhosamente somos. Nesta breve abordagem reforcei a minha percepção sobre a enorme complexidade que este processo alcança no planeamento, na construção e na implementação de uma política ou de numa simples tomada de decisão na UE. Da imensa importância dos números e da representatividade de quem apresenta, ou pode apresentar, uma simples proposta. Percebi a importância que a nossa adequada representação detém, se estiver atenta, se tiver competência e se souber negociar, no decurso desse mesmo processo. Tomei consciência do trabalho árduo e por vezes ingrato que os parceiros sociais, onde se inclui a CAP, detêm na construção, ou na adaptação dessas mesmas soluções nos sectores e nos países que representam. Na minha opinião, caro leitor, se a intervenção política é decisiva na construção de políticas abrangentes, a intervenção civil tem o poder de torná-las exequíveis. Claro que cada país terá alguma margem de manobra para as adaptar ao seu território e realidade socioeconómica, só que por vezes, e por motivos que ninguém entende, ou não, tardam demais.
Fomos muito bem recebida pela delegação da CAP em Bruxelas, na pessoa do Duarte Mira, bem orientados na visita pelos técnicos que nos acompanharam desde Portugal, o nosso Pedro Cruz, e fomos sobretudo bem mediados na informação que os vários oradores nos foram transmitindo pelo secretário-geral da CAP, Luís Mira. E é por este elevado profissionalismo, associado à sua missão associativa que a Vessadas escolheu e filiou-se na CAP. O associativismo só ganha força quando está unido e quando se multiplica.
Mas esta visita a Bruxelas não teve só trabalho, e ainda bem. Os momentos de convívio também podem servir como palco para negociações. Mas estes também servem para conhecer novas pessoas, novas realidades e por vezes novos amigos. Para mim, caro leitor, foi gratificante conhecer outros dirigentes que defendem a agricultura e a floresta nacional em diferentes frentes. E aproveito para deixar por escrito um especial agradecimento às colegas no feminino que dissiparam as minhas ansiedades de partida substituindo-as por energias boas na volta. E apesar dos pés pisados pelos imensos passos que demos em prol do ambiente, do cansaço natural que este tipo de jornadas de trabalho nos provocam, consegui, numa visita a Bruxelas, preencher o resto da minha bagagem, para além das competências e informações que com certeza me vão ser úteis, com imensas gargalhadas e com muita amizade.