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Novo visual

14 de Fevereiro de 2023 | Sandra Fernandes
Novo visual
Geral

Hoje o objectivo é expressar o que, para mim, a mudança acarreta. Todos nós, ou pelo menos a maior parte, apontamos metas para 2023. Um processo de selecção de desejos, objectivos e até mesmo mudanças que queremos trazer ou resgatar para o “novo ano”. Como tal, trata-se de uma construção psicológica em prol de melhorarmos algo em nós. São essas expectativas que nos levam a “perder a cabeça” e arriscar. Não sei se é só de mim, mas sinto que no início de cada ano a minha motivação é gigante, e que a adrenalina de arriscar em novas realidades é impressionantemente elevada. Somos dominados pela expectativa de “novo ano, vida nova”, achamos inocentemente que a partir das 00:00h do dia 1 de Janeiro existe uma força que nos agita de tal forma que “puff”… mudamos. Que é precisamente, nesse momento que, enquanto usamos a nossa “cuequinha” azul, verde, vermelha ou até colorida, e engolimos impiedosamente cada uma das 12 passas que serão empurradas após brindarmos a “mais um ano”, nos sentimos mais leves, e acreditamos cegamente na mudança sem realmente fazermos algo em concreto para a concretizar. Somos movidos pela adrenalina quando interiorizamos que este ano tudo vai ser melhor.

Somos fantoches das crenças e costumes do passado. Deixamo-nos levar pela expectativa do “desta vez vai ser diferente”, mesmo percebendo que essas metas nunca se concretizam sozinhas. Escrevo sobre tudo isto, para vos dizer que finalmente, ganhei coragem e fiz por essa mudança. Reuni todos os meus objectivos, olhei para eles e reflecti, e categorizei-os para perceber o que fazer para os alcançar.  Apesar de, também acreditar em todas as suposições e mais algumas, e cumpri-las religiosamente todos os anos, tornei a vontade de mudar em acções. O sentimento de arriscar em algo real e não somente imaginário. Uma mudança que desenvolveu, em mim, um sentimento de aceitação verdadeiro. Primeiro de tudo mudei o meu visual e comecei realmente a gostar de me ver ao natural, sentir a beleza dos meus caracóis e o prazer de cuidar deles. Esta mudança apesar de pequena, foi radical para mim. Sempre fui movida pela aceitação dos outros deixando a minha de lado. Assumo que é difícil, e que o remorso bem como a vontade de voltar atrás existem. Mas a recompensa a nível emocional, por termos conseguido fazer algo que achávamos inconcebível, consegue ser superior. Por isso, quando se sentirem suprimidos pela rotina, ou até cansados daquilo em que se estão a tornar, não tenham medo da mudança. Com isto não quero dizer que sempre que se virem numa situação desconfortável devam logo desistir sem antes tentarem, mas sim descontinuar vícios que, acreditem, não vos acrescentam nada mais. Assim acabarão por tornar-se na melhor versão de vocês mesmos, aceitando mais facilmente aquilo que são e que se estão a tornar.

A aceitação não precisa de ser necessariamente aquilo que nós somos, mas pode surgir daquilo em que nos tornámos. Sair do armário é conhecer os nossos limites e aceitá-los, é reconhecer as nossas qualidades e defeitos e não ter medo de os expor, é trazer cá para fora aquilo que nos define. É cortar o cabelo e sair à rua confiante de que foi a melhor decisão que tomámos. Mesmo que me provoque uma sensação de calor na testa ou até mesmo a impressão dos fios de cabelo a “picarem suavemente” na minha cara criando uma ligeira comichão no rosto.

Sinto-me bem melhor assim, uma nova fase, algo novo cresceu em mim. Do medo de mexer na minha imagem e estragar, ou até mesmo o de mexer com a minha rotina e torná-la pior, fiz a maior força motriz para mudar. Por isso, e se aceitarem um conselho de amiga, não deixem que o receio vos prenda à monotonia, às vezes um pouco de “desconforto” pode proporcionar-nos mais realizações e felicidade. Mude, simplesmente, para um novo visual.

 

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