Escrevo estas palavras no dia seguinte à chegada da Primavera, que aconteceu no dia 20 de Março quando já passava das vinte e uma horas no Continente. O Equinócio, que deriva do latim ‘aequus nox”, sela a chegada da Primavera exactamente quando o Sol cruza o plano do equador celeste, isto é, a linha do equador terrestre que é projectada na esfera celeste, passando as noites a ter a mesma duração que os dias, 12 horas para cada.
Um dia que começou mais escuro no maior país do mundo em extensão terrestre, banhado por águas salgadas e negras, entalado entre a Europa e a Ásia. Um dia mais escuro e frio, que marcou o encontro entre duas figuras já bem conhecidas, Xi e Putin. Os responsáveis máximos, respectivamente da China e da Rússia. Uma reunião supostamente a favor da paz e do diálogo, mas na qual também se assinaram acordos para ambos em prol de uma ‘Nova Era’, de uma união sino-russa, sabe-se lá exactamente em que contornos. Estarão estes em busca de uma equi – ‘qualquer coisa’ tal como acontece com o dia e a noite neste início de Primavera, mais fria para aquelas bandas. Talvez estes pretendam a “Aequus potentia”, traduzido, igual poder.
Volto a frisar o dia seguinte ao equinócio primaveril, dia em que no Alto Minho a chuva e o Sol marcaram a sua presença de uma forma tímida e passageira. Sem nunca se imporem um ao outro, como se se respeitassem. No término de um dia que homenageou e se despediu de um homem muito mais poderoso do que os anteriormente citados. Um homem poderoso em humanidade e digno de um dia que reflectisse igualdade. Uma homenagem merecida ao Rui de Campo Maior, o homem do café, mas sobretudo das pessoas. Um homem às direitas nas atitudes. Para quem todos tinham igual importância, e passando isto para latim, tudo se simplifica, ‘par’ para todos.
Mas este dia, também foi o dia em que muitas famílias viram as suas contribuições, quer para o Instituto da Segurança Social I.P., quer para a Autoridade Tributária, serem entregues ao Estado. Ou pelos próprios ou pelas suas entidades patronais. E para quê, caro leitor? Para que o Estado pudesse pagar o direito que nos assiste, cidadãos deste país, potenciando o igual direito para todos. Incluindo aqui todos aqueles que, por um motivo qualquer, não contribuem, nem para um lado nem para o outro. Será isto completamente justo? Em parte, talvez. No entanto, um pensamento perturba-me o raciocínio. Quando eu, trabalhadora activa, não tenho dinheiro suficiente, e preciso desse dinheiro para pagar as minhas contribuições, ou peço um plano de pagamento, com juros, ou vou ao banco e pago juros. Questiono-me porque razão determinados cidadãos, exceptuando as crianças, os idosos e os doentes, estão isentos desses mesmos juros, quando recebem direitos pagos pelos outros, porque supostamente não se encontram a trabalhar, ou talvez porque esse seu trabalho não contribui para os cofres do bem comum. Quando se fala em Estado Social, em humanidade, em direitos, em igualdade, os limites para que haja plena justiça devem ser, a meu ver, bem marcados e bem definidos, caso contrario o tal do igual, ou ‘aequus’, passa a ser desigual, ou, e finalizando em latim, ‘Inaequale’.
No entanto, caro leitor, como verdade quase absoluta dizer-lhe que a Primavera chegou, ‘vere venit’, e com ela tanto igualdade como desigualdade.