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A questão do momento

28 de Janeiro de 2020 | Helena Ramos Fernandes
A questão do momento
Geral

Qual é afinal a questão do momento? A iminência de uma terceira guerra mundial ou a destruição do planeta pelo seu “mau uso”? Outras questões poderiam ser aqui apresentadas, com menor ou maior relevância, no entanto aponto estas duas pela sua importância para a humanidade.

Apresento duas hipóteses bastante negativas como possíveis questões que possam preocupar os mais atentos. E talvez alguns menos atentos. No entanto existe uma maioria que parece estar alheia a este tipo de questões. Colocam-nas de parte como se fossem preocupações acessórias. Como se não interferissem no seu dia-a-dia. Viram a cara para o lado de uma forma tão natural que conseguem confundir os restantes, aqueles que estão mais ou menos atentos.

Em relação à possibilidade de uma guerra mundial, as opiniões divergem e a especulação instala-se. No entanto, as recentes retaliações entre os EUA e o Irão levaram a que esta questão de guerra iminente se tornasse tema. Por outro lado, o “mau uso” do planeta azul, o apelo a práticas amigas do ambiente e o aquecimento global são temas muito presentes na actualidade em diferentes contextos. As alterações climáticas e as previsões desastrosas para um futuro incerto, são noticiadas quase que diariamente e de forma preocupante.

Eu, caro leitor, não acredito na possibilidade de alguém simplesmente virar a cara de forma consciente perante questões tão importantes. Sobretudo quando se trata do futuro do planeta. E consequentemente do futuro da humanidade.

E porque é que esta maioria o faz? Talvez porque não lhe sobra tempo ou paciência para se preocupar com questões deste calibre. Questões estas, transversais para eles e que pairam sem que estes lhes sintam o sabor ou a dor. O que é de estranhar, pois as adversidades que as mesmas provocam não passam nada despercebidas.

Este estranho alheamento colectivo sobre estas questões de primeira linha, leva-me a ter pensamentos controversos. E obriga-me a raciocínios e reflexões a fim de obter respostas viáveis, mesmo que incertas e sem qualquer rigor científico.

Possivelmente toda esta abstração mundial advém da exagerada aplicação do um certo modelo político que tem como única finalidade, a de distrair o povo. E que coloca nos decisores o poder unilateral sobre a decisão. Aquilo que naturalmente se instala depois de uma campanha ganha.

As populações estão distraídas por rotinas que dizem respeito ao seu dia-a-dia, por vezes árduo e ingrato, mergulhando, nas horas de repouso e lazer, naquilo que lhes aumenta a líbido, o prazer ou o relaxamento emocional.

Estes propulsores de distrações, novelas, futebol, escândalos com famosos, lançados sobre uma população com orçamentos familiares reduzidos e manipulados, acabam por ter efeitos secundários. Acabam por alargar esta abstração construída para questões tão importantes como são “a guerra” e o “aquecimento global”.

Esta é, talvez, uma das possíveis explicações para justificar esta irresponsabilidade recorrente que contamina as pessoas. A de fechar os olhos, tapar os ouvidos e não opinar perante a gravidade destas questões.

Talvez por considerarem que a solução para estas, pela sua dimensão, está do lado dos decisores. Afinal não são eles que decidem sobre tudo, até sobre o ordenado que a maioria merece receber?

A verdade é que uma grande parte da população mundial está ausente nesta luta em prol da sobrevivência do planeta. E como referi anteriormente, a maioria deles fazem-no inconscientemente. Fazem-no porque estão completamente absorvidos em outras lutas.

Lutas por questões pessoais. Lutas alternadas por momentos de abstração induzida. E acredito mesmo que estes, ou parte deles, não o façam por mal. Estão distraídos ou abstraídos por um sistema construído para que assim seja.

A questão do momento é, na minha opinião, caro leitor, a distração e a abstração em que está mergulhada a maioria da população mundial. Eis a questão do momento!

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