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Antiga escola primária ao abandono

3 de Novembro de 2015 | José Luis Freitas
Antiga escola primária ao abandono
Romarigães

Já há muito que alimentava o desejo de rever aquela que tinha sido a minha Escola Primária. Acicatado por uma acalorada conversa de café que dava conta do acentuado estado de abandono e degradação em que esta se encontrava disse para com os meus botões: é hoje!

Armado de máquina fotográfica, lá fui. É perto. Durante o caminho, que percorri diariamente dos seis aos nove anos, ia contente, finalmente ia visitar a minha velha escola, algo que, por incrível que possa parecer, não fazia há um bom par de anos.

Chegado junto do edifício,  doeu-me a alma: vidros partidos, madeiras estragadas, portas escancaradas, interiores vazios e descuidados, quase ruinas. Ainda fiz algumas fotografias, objectiva ao acaso, quase sem apontar, fotografias que, confesso, não consegui nem ver. O choque foi muito grande, a escola é um lugar que, por excelência, imprime marcas, antes de imprimir letras, marcas de um tempo de aprendizagem e da perda da inocência.

De pouco adiantará procurar culpas ou culpados, urge, isso sim, encontrar soluções que ponham cobro ao estado de abandono e decadência em que este edifício se encontra, há que encontrar financiamento, fazer a obra e encontrar-lhe um sentido, um caminho, um destino.

Uma simples pesquisa dá-nos conta das mais variadas utilizações que, um pouco por todo o país, vão sendo encontradas para as mais de quatro mil escolas primárias, segundo julgo saber, entretanto encerradas. É que há mesmo um pouco de tudo, a saber: de creches a casas mortuárias, de centros de dia a restaurantes, de habitação social a sedes associativas, de centros de boxe a produção de cogumelos, de centro de estudos a centros interpretativos, de pequenas unidades industriais a pequenas unidades de alojamento turístico e mais um rol infindável de soluções (?) encontradas, entre as quais, a meu ver a mais drástica e dolorosa de todas elas, a venda do próprio edifício em hasta pública.

Entre a Câmara Municipal, proprietária do edifício, e a Associação Cultural de Romarigães foi, faz já uns anitos, estabelecido um protocolo de cedência que, ainda hoje, tanto quanto sei, se mantém em vigor.

Hoje como ontem, considero as associações culturais um bom inquilino para as antigas escolas, isto, claro está, desde que estas se apresentem activas, participativas e dinamizadoras o que, presentemente, não é o caso da nossa, sendo mesmo, actualmente, os ensaios do grupo de bombos “Os Trovoada” a única ocupação conhecida do edifício da escola. Em tempo de nostalgia, tempo de Fiéis Defuntos, dia de Todos-os-Santos da terra, restam-me os votos, as preces e o acreditar vivamente na ressurreição da nossa Associação e do seu edifício/ escola.

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