Recuperação da Casa do Outeiro já tem projecto
A Câmara de Paredes de Coura já tem um projecto de intervenção com vista à recuperação e aproveitamento da Casa do Outeiro, em Agualonga. O projecto inclui uma parceria com investidores holandeses, mas por enquanto falta o dinheiro para colocar em prática este investimento.
A questão da recuperação da Casa do Outeiro, em Agualonga, foi levantada por José Augusto Caldas, líder da bancada social-democrata. Numa Assembleia Municipal calma e rápida, que não chegou a hora e meia de duração, José Augusto Caldas, que regressou ao seu púlpito depois de ter estado ausente na última sessão, lembrou ao presidente da Câmara o avançado estado de degradação em que se encontra aquele imóvel, propriedade do município, e perguntou quando é que iriam ter um projecto para aquele espaço.
A resposta de Vítor Paulo Pereira não podia ser mais simples: “quando houver dinheiro”. Não poupando críticas à oposição, que acusa de pedir para aliviar impostos e deste modo fragilizar a receita, mas ao mesmo tempo querer prometer tudo a todos e defender a recuperação da Casa do Outeiro, o autarca courense explicou a José Augusto Caldas que “a política é uma questão de escolhas e de dinheiro”.
Apesar disso, Vítor Paulo Pereira aproveitou a ocasião para anunciar que a Câmara de Paredes de Coura já tem um projecto para a recuperação e viabilização daquele imóvel e que passa por uma parceria com um grupo de investidores holandeses. “Só que isso custa dinheiro”, adverte o presidente courense. No caso, explicou, custa cerca de três milhões de euros, sendo que havendo a possibilidade de 75% do valor ser financiado, os restantes 25% terão de ser suportados pelos promotores, o que ainda representa um verba elevada.
A ideia do município para a Casa do Outeiro passa pela sua transformação em hotel, “mas em vez de fazer um hotel comum, vamos fazer um hotel ligado a residências artísticas”, adiantou Vítor Paulo Pereira, explicando que o espaço terá, por exemplo, um estúdio de gravação, bem como espaços vocacionados para a pintura e dança, entre outras áreas ligadas às artes. Residências artísticas pagas, salienta o autarca, referindo que o espaço seria gerido pelos investidores holandeses, com contrapartidas para a Câmara.
Autarquia e investidores procuram, agora, um outro parceiro, um grupo turístico, que possibilite a sustentabilidade financeira da renovada Casa do Outeiro. Um pouco à semelhança do acordoo que já existe para a dinamização de campos de conhecimento no CEIA, em Vascões, que envolve a companhia aérea Lufthansa e a Universidade do Porto e que junta lazer e formação certificada.
Acesso à A3
O acesso à A3 foi outro dos assuntos que gerou discussão entre José Augusto Caldas e Vítor Paulo Pereira. O primeiro começou por lembrar que há cerca de um ano, quando o Governo PSD começou a preparar o Orçamento de Estado, os social-democratas do distrito apontaram um conjunto de investimentos que incluía a construção do acesso à A3 e que, agora, dá os parabéns à Câmara Municipal “pela maneira como o processo está a ser conduzido”. “É com alegria que recebo essas palavras optimistas”, referiu a propósito o presidente da autarquia, que, contudo, não perdeu a oportunidade de lembrar que, apesar do PSD distrital ter sugerido a inclusão do acesso à A3 em Orçamento de Estado, “parece que o secretário de Estado se esqueceu de Paredes de Coura, porque o plano de estradas do PSD para o Alto Minho não incluía essa ligação”.
“A criança ainda não nasceu e já está a reclamar a paternidade”, acusou Vítor Paulo Pereira, que aproveitou para, mais uma vez, lembrar que existe um excesso de optimismo em torno deste assunto. “Não quer dizer que vamos resolver o problema. Estamos a trabalhar nesse sentido mas o optimismo não serve para nada, mais vale trabalhar”, lembrou o autarca courense.
Na resposta, José Augusto Caldas lembrou que o acesso à A3 não é um projecto de agora, que há mais de vinte anos que se fala nisso, seja com governos do PS, seja com governos do PSD. “Ao fim de tanto tempo, a paternidade da ligação à A3 é de todos”, atirou o líder da bancada social-democrata, acrescentando, em tom de desafio, que “oxalá que nas próximas eleições possa dizer que está feito”.
Da escola à luz pública
Também as obras de requalificação da Escola Básica e Secundária de Paredes de Coura foram alvo de troca de palavras entre o presidente da Câmara e o líder da oposição na Assembleia Municipal. José Augusto Caldas lembrou que também aquela empreitada tinha sido proposta pelo PSD para inclusão no Orçamento de Estado do anterior Governo, mas agora diz que está mais optimista em relação ao acesso à A3 do que às obras naquele estabelecimento escolar.
Vítor Paulo Pereira explicou que já existe aviso de abertura com vista à realização de obras em diversas escolas do país e que a escola courense “está no mapeamento”. “Houve um tempo, durante o antigo Governo, que desapareceu do mapa, depois foi feito um esforço e a escola voltou a estar no mapeamento”, criticou o presidente da Câmara, informando que, no distrito, a autarquia courense “é das poucas câmaras que já tem as coisas adiantadas”.
“Já é tempo de Paredes de Coura ser olhada com outros olhos, mas sejam sensatos e prudentes”, referiu ainda Vítor Paulo Pereira, que não perdeu a oportunidade para, de forma irónica, provocar o líder da bancada do PSD, dizendo que, sobre as obras na escola, “naturalmente que o José Augusto deve ter ligações mais próximas do que eu ao ministro da Educação”, o courense Tiago Brandão Rodrigues.
Já em relação à iluminação pública, a intervenção de José Augusto Caldas foi no sentido de o concelho voltar a ter acesa a luz pública durante toda a noite. “O PSD tem chamado a atenção para a necessidade de voltar a ter luz durante toda a noite. Para quando?”, questionou o responsável dos social-democratas. Na resposta, o presidente da Câmara não indicou datas nem assumiu compromissos. Pelo contrário, lembrou que, do ponto de vista eleitoral, era muito fácil voltar a ligar a iluminação pública à noite. Mas, advertiu, “quando se governa de acordo com ciclos eleitorais, não estamos aqui a fazer nada”, acrescentando que em Abril, na prestação de contas, “vão ver que a Câmara Municipal está num bom ritmo para a consolidação das contas”.