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5 de Abril de 2022 | Helena Ramos Fernandes
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Opinião

O mundo está de pernas para o ar, e não há meio de se endireitar. Uma pandemia que continua a atormentar a humanidade. Uma guerra incompreensível e desumana. Os preços e a inflação em subida constante. Estamos cercados por informações, que nos chegam ao minuto, sobretudo sobre esta guerra infernal, bem real e não muito longe de nós.

Como esquecer, caro leitor, todas estas mortes inocentes provocadas por esta guerra hedionda?

Tenho procurado entender as motivações que levaram a este atentado contra os direitos fundamentais deste povo do velho continente. Procuro respostas, mas só encontro perguntas. E no meio dessas interrogações todas, o meu pensamento aponta sempre o poder como principal responsável por tudo o que está a acontecer. E não me refiro somente à guerra. O poder quando cai em mãos erradas, mais cedo ou mais tarde acaba por transformar o alvo. E quem são os potenciais poderosos, caro leitor? Os governantes são uns deles. E infelizmente, quem governa, por vezes, acaba por deixar-se envolver pelo poder colocando de lado a missão que lhe foi confiada.

E por falar em governantes, no passado dia 29 de Março tomou posse o XXIII Governo Constitucional, ou seja, o terceiro Governo de António Costa. Uma cerimónia com pompa e circunstância, regulada por um protocolo próprio e marcada pelos discursos do Presidente da República e do Primeiro-ministro.

Eu ouvi com muita atenção o discurso do nosso Presidente da República, e pareceu-me que estava repleto de avisos subliminares. Pareceu-me, caro leitor! Sobretudo nas frases que se seguem: “Deram a maioria absoluta a um partido, mas também á um homem”; “Sabe que não será politicamente fácil que esse rosto, essa cara, que venceu de forma incontestável e notável as eleições, possa ser substituída por outro a meio do caminho; “Deram-lhe uma maioria absoluta, não lhe deram, como nunca acontece numa democracia por definição de democracia, nem poder absoluto, nem ditadura de maioria”. Estas frases não deixam muitas dúvidas sobre os motivos e as advertências da mensagem que se pretende enviar. Após os boatos sobre a possível vontade de António Costa em assumir a presidência do Conselho Europeu, cargo actualmente ocupado por Charle Michel, talvez estes tenham motivado o discurso do nosso Presidente. Um cargo que será renovado em 2024, logo, dois anos antes do fim desta legislatura de maioria.

São boatos. Mas serão estes boatos assim tão infundados? Retirar a Secretaria de Estado dos Assuntos Europeus ao Ministério dos Negócios Estrangeiros e colocá-los sob a tutela directa do Primeiro-ministro. Como interpretar isto? Como uma preparação para um futuro próximo, ou simplesmente, como uma lição para o futuro?

Será que estes boatos têm alguma razão de ser? São muitas as opiniões que os confirmam, mas a maioria são de partidos diferentes. Terá esta informação alguma relevância? Talvez tenha muita, mas o importante agora resume-se à verdadeira intenção do actual Primeiro-ministro. Eu, pessoalmente, prefiro acreditar que tudo isto não passam de boatos. Porque mais do que nunca, Portugal precisa de estabilidade política. E apesar de não ter votado em si, Vossa Exa., Primeiro-ministro, eu espero que cumpra com os portugueses que lhe deram, de forma clara e inequívoca, o seu voto de confiança. Um voto que agora passa a ser meu também, porque ao tomar posse, Vossa Exa. passou a ser o Primeiro-ministro de todos os portugueses, e isto, com ou sem boatos, até 2026.

 

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