Ouve-se recorrentemente dizer-se que fulano ou sicrano é bom profissional. O que será afinal um bom profissional? E em que perspectiva? Do patrão ou superior hierárquico, ou do utente ou cliente. Como se ganha tal distinção?
Por definição, e segundo inúmeros estudos sobre a matéria, um bom profissional reúne tantas características boas que quase se assemelha a um ser perfeito, talvez me atreva a dizer, diferente de todos nós.
Ora vejamos, dizem que uma das características que levam alguém a aproximar-se de tal distinção, é o bom humor. Como se tolera o bom humor num ambiente profissional? Talvez porque são oportunos nas piadas, boas e ligeiras, que contam? Ou, porque se conseguem rir deles próprios quando cometem ou dizem disparates. Ou talvez porque estão constantemente bem dispostos. Será que essa disposição se mantém quando estes chegam a casa depois de um longo e árduo dia de trabalho?
Outras das características que definem um bom profissional, e estas talvez ao alcance de qualquer um, mesmo que rezingão, são a pontualidade e a assiduidade que exibem, o respeito pelas regras da empresa ou entidade, são a ética e a honestidade, que reproduzem o carácter do trabalhador, é a proactividade desde que adequada ao perfil profissional e a competência do interveniente, é a organização que se consegue mesmo que esta seja, como a minha, um pouco desorganizada. Com esta última estou a tentar chegar o lume à minha sardinha, se é que me entende, caro leitor.
Mas para mim, a mais importante, e a que tem o poder de abraçar todas as outras é a paixão por aquilo que se faz. Questiono-me se existem bons profissionais a trabalhar em áreas que odeiam, ou que simplesmente não gostam, nem mesmo da retribuição alcançada. E não, não me refiro ao ordenado, apesar de actualmente este ser demasiado importante, refiro-me ao orgulho pelo produto final e/ou a satisfação pela reacção do receptor do feito alcançado.
Muitas serão as características que se podem enquadrar num bom profissional. Mas em nenhuma delas prevalece por si só. E muitas iludem-nos numa possível avaliação.
Uma das características que parecem iludir muita gente, é a simpatia. E outra é a antipatia.
Coloco aqui dois exemplos para a possibilidade de estarmos perante um bom profissional.
Imagine-se a ser atendido, numa questão urgente, por um profissional extremamente simpático, e que passado uns minutinhos lhe diz que não consegue resolver o seu pedido. enumerando motivos de forma tão profissional que o inibe de insistir.
Ou, no mesmo contexto, é atendido por alguém nada empático, com cara e voz de poucos amigos, que o faz esperar tempo sem fim, mas que acaba por lhe resolver a questão ou pedido que lhe dirigiu. Acabando este por ultrapassar o seu horário laboral. Qual destes dois será, para si caro leitor, o dito bom profissional?
A meu ver, qualquer um dos exemplos poderá representar ou não, um bom profissional. Mas, numa perspectiva mais acertada, seria necessário conhecer o enquadramento em que esse atendimento ou prestação de serviço ocorreu. Porque nem sempre a simpatia e a rapidez institucional correspondem a algo de bom. Porque nem sempre as longas esperas associadas a caras feias significam mau profissionalismo. É possível que estes últimos estejam saturados de constantes retaliações associadas ao facto de sentirem que o seu esforço, que por vezes é árduo, raramente é reconhecido, nem pelos utentes ou clientes e muito menos pelos seus superiores ou patronato. E estes supostos não empáticos, caros leitores, na maioria das vezes esmeram-se e sacrificam algo, para responder às questões ou pedidos que lhes são dirigidos. Ser empático ou simpático não é por si só sinónimo de bom profissional. Poderá melhorar um ambiente profissional, mas não significa a priori que se está perante um bom profissional. E, é certo, que por vezes, a simpatia é usada para dissimular lacunas essenciais para se atingir o alto patamar do profissionalismo. Por vezes a simpatia aproxima-se da hipocrisia ou serve para minimizar erros, dissimular falta de competência ou até mesmo disfarçar a preguiça. Ou não, caro leitor. Pessoalmente, eu tenho o prazer de conhecer bons profissionais simpáticos, e alguns menos simpáticos, mas, por outro lado, também tenho o desprazer de conhecer maus profissionais simpáticos e outros completamente antipáticos. E você, caro leitor, qual será a sua sentença? E a sua inteligência emocional?