As ideias surgem-nos a toda a hora. Estas aparecem do nada e povoam os nossos pensamentos em momentos mais ou menos oportunos. Ideias para criar, alterar ou adaptar algo. As ideias de negócio são as mais populares. Tudo o que nos rodeia estimula-nos a ter ideias, sobretudo os bons exemplos. E é de bons exemplos que eu vou povoar a minha escrita desta edição, caro leitor. Espero com isto clarear sem ofuscar as suas ideias
A semana que fechou com temperaturas elevadas a primeira quinzena de Julho, levou-me para a terra de ‘nuestros hermanos’. Sou fiel ao Alto Minho, mas fiquei encantada com a paisagem das terras de Castela e Leon e Astúrias.
Como representante de duas associadas da Adriminho, a ADL-Associação de Desenvolvimento Local que apoia e defende o nosso território em algumas frentes, tive o privilégio de ter sido convidada para participar numas visitas técnicas de trabalho, no âmbito de um Projecto de Cooperação sobre Bioeconomia. Eu tive, caro leitor, a oportunidade de visitar uma série de empreendedores, do sector agroalimentar, recheados de ideias bem concretizadas. Ideias que visam a sustentabilidade, o ambiente, a complementaridade e a criatividade. E claro, o retorno financeiro.
Foram três dias de aprendizagens, rodeada de colegas de várias ADL do nosso país, que vivem o território e as suas potencialidades com realismo e com um toque de romantismo. Colegas que lutam, entre os gigantes, para que o mundo rural se desenvolva sem que os seus recursos se esgotem e sem que as suas paisagens se alterem drasticamente. Entidades que canalizam esforços para que os territórios rurais se desenvolvam de forma sustentável a partir das suas gentes e com base em ideias pensadas e estudadas, adaptáveis e concretizáveis.
Visitámos ideias que não ficaram enclausuradas em mentes fechadas ou folhas de papel engavetadas. Ideias que evoluíram adaptando-se ao meio e procurando novas possibilidades e novos ambientes. Ideias que foram testadas e algumas bem assessoradas por investigação científica e tecnológica através de parcerias universitárias.
Trouxe comigo, caro leitor, uma bagagem repleta de ideias para distribuir. Algumas possíveis de replicar e outras simplesmente para adaptar. Os produtos dos ‘nuestros hermanos’ são bons, a paisagem também. Mas, caro leitor, os nossos produtos são tão bons ou melhores, como eu ouvi dizer por terras castelhanas. E a nossa paisagem também. Talvez nos falte o impulso para arriscar a ser empreendedor.
O empreendedorismo ou o sucesso das ideias implementadas não dependem só do empreendedor. Dependem sobretudo do financiamento, para isso temos a “bazuca” e outros financiamentos europeus, da burocracia associada, que em Portugal teima em não descomplicar, dos números, sempre os números. Dependem igualmente do território e suas características, por isso olhemos, caro leitor, para o território com olhos de ver. Mergulhar em água turva não é, com certeza, uma decisão fácil de se tomar. No entanto, para isso podemos sempre recorrer a um clarificador de águas ou ideias. Mas sem que este nos ofusque. E é para isso importante olhar para os bons exemplos e aprender com eles. E foi para isso que serviu a minha passagem por terras de Castela e Leon e Astúrias. Para clarear ideias sem, no entanto, ficar ofuscada.