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COURENSES QUE TÊM HISTÓRIA

15 de Dezembro de 2020 | Albano Sousa
COURENSES QUE TÊM HISTÓRIA
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SÉRGIO NOGUEIRA, PAIXÃO PELO FOLCLORE ATÉ À MORTE

Continuando na rota de courenses com história, o ponto de paragem desta edição foi na sede do concelho. Chegados à vila, fomos ao encontro de uma figura sobejamente conhecido na nossa urbe, com uma vida dedicada ao associativismo e outras instituições concelhias. Sérgio Manuel Gama Nogueira, casado, 71 anos de idade, pai de 2 filhos, é o rosto central desta crónica.

Oriundo de uma das mais conceituadas famílias courenses, a família Nogueira, numa prole de 12 irmãos, felizmente todos vivos, filhos dos saudosos José Nogueira e Filomena Gama, falar do Sérgio Nogueira é falar de folclore, do associativismo, dos movimentos religiosos e das causas nobres do concelho. É falar dos Bombeiros Voluntários, da Associação Cultural Recreativa e Desportiva de Paredes de Coura, da Santa Casa da Misericórdia, do SC Courense, da paróquia de Santa Maria de Paredes e do Grupo Coral da Universidade Sénior da EPRAMI.

Aposentado há 17 anos, depois de uma carreira profissional ao serviço do município de Paredes de Coura, na área administrativa e financeira, hoje vai dedicando os dias à Associação Cultural de Paredes de Coura, onde integra os órgãos sociais, como tesoureiro da direcção, à Santa Casa da Misericórdia, onde ocupa também o lugar de tesoureiro da Mesa Administrativa e na Universidade Sénior, onde ensaia o grupo coral.

Em conversa com o Sérgio, ficamos a saber que aos 16 anos entrou para a escola de aspirantes para bombeiro dos Bombeiros Voluntários, tendo como comandante Romeu João de Carvalho. Com era ainda menor, foi necessária autorização do pai para o ingresso. Fez parte do corpo activo durante 17 anos, tendo passado ao Quadro Honorário com 35 anos de idade. Foram imensas as vezes que, enquanto bombeiro, se deslocou aos hospitais do Porto, quer durante o dia quer durante a noite, no transporte de doentes. Para lá de bombeiro, fez ainda parte da direcção durante alguns mandatos.

O folclore é a grande paixão do Sérgio. Ainda catraio, com 15 anos, ingressou no Rancho Folclórico Miguel Dantas, onde tinha como um dos principais responsáveis o pai, José Nogueira. Passados uns anos o Rancho terminou, surgindo mais tarde o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Paredes de Coura, com o qual não colaborou. Em 1976, juntamente com um grupo de amigos, avançaram para a criação da Associação Cultural Recreativa e Desportiva de Paredes de Coura, sendo um dos sócios fundadores e fazendo parte activa da colectividade até aos dias de hoje, tendo exercido funções, primeiro como presidente em alguns mandatos e, actualmente, como tesoureiro da direcção. Volvidos 7 anos após a fundação da Associação, desafiou os órgãos dirigentes da altura a criarem o Grupo Etnográfico, tendo participado activamente nestes 37 anos de existência do grupo, primeiro como dançarino e ultimamente no coro. “Temos levado o nome de Paredes de Coura por várias zonas de norte a sul do país, a Espanha e a França, não se registando mais saídas por ficar muito dispendioso e por falta de apoios”, memoriza.

Para lá do folclore e da Associação da vila, há mais de 30 anos que o Sérgio faz parte da Mesa da Santa Casa da Misericórdia, desempenhando actualmente as funções de tesoureiro. “Tento sempre zelar o melhor possível para que esta valiosa instituição courense proporcione o bem-estar dos seus utentes e respectivo pessoal que ali trabalha, nas diversas valências. Antes desta pandemia, às sextas-feiras fazíamos ensaio com um grupo de idosos para a missa vespertina dos sábados á tarde, na capela”, acrescenta.

O Sporting Clube Courense é também o clube do coração. Para lá de sócio, fez ainda parte dos órgãos directivos em diversos mandatos. Sempre que pode está nas bancadas a incentivar e a apoiar os atletas na busca dos 3 pontos.

Na paróquia de Santa Maria de Paredes, recorda os tempos dos padres Nunes de Abreu e  António Ferreira de Sousa, onde fez parte do Grupo Cénico da Paróquia. Lembra, com saudade, as encenações levadas a cabo no antigo quartel do Bombeiro Voluntários, entre outras, trazendo a palco várias peças, dramas e comédias, tais como Frei Luís de Sousa, Restituição, Mataram um Actor, Vida por Vida, Médico à Rasca ou o Julgamento do Samouco, que prendiam a plateia até final.

Em 2015 foi convidado pela EPRAMI para formar e ensaiar um grupo coral, integrando o Grupo Sénior, que hoje conta com mais de 30 elementos, tendo participado em várias actividades, dentro e fora do concelho.

Afirmando que as forças de hoje não são as mesmas de ontem, à nossa reportagem o Sérgio foi-nos adiantando que, enquanto a saúde o permitir, o folclore e o Grupo Coral podem continuar a contar com os préstimos e colaboração de um homem que respira música, com o folclore a percorrer-lhe as veias.

Com um brilhozinho de satisfação nos olhos sempre que tocava nestes temas, sempre foi dizendo que estas duas actividades podem contar com ele até á morte.

Grande Sérgio Nogueira!

 

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