Alterando um pouco o rumo desta rubrica, o NC foi, desta feita, ao encontro de uma voz feminina, trazendo à estampa uma figura que dispensa apresentações no meio courense, e não só.
Falar de Lúcia Ribeiro Vieira de Carvalho, é falar do melhor da gastronomia e da cozinha courense. É trazer à liça o melhor que o palato afinado nos pode proporcionar.
Com 58 anos de idade, a Lúcia exerce a actividade profissional de cozinheira, na cantina da Escola Básica e Secundária de Paredes de Coura, cargo que desempenha há 32 anos. Casada, mãe de 2 rapazes, tem uma vida toda ela dedicada à cozinha, funções que exerce há mais de 35 anos.
Antes de ingressar na escola, trabalhou como auxiliar de monitores no curso de cozinha, então ministrado nas instalações do antigo restaurante O Conselheiro. Depois passou ainda pelo restaurante O Barbaças. Esteve na abertura desta unidade de restauração courense, juntamente com o Júlio e o Paulo Carvalho, este ainda hoje gerente da casa.
Para lá da actividade profissional, os tempos livres são também ocupados na cozinha, sendo responsável por um extenso rol de serviços, desde eventos festivos, baptizados, comunhões e casamentos, bem como de um serviço de catering de eleição. Durante o ano são dezenas de eventos que confecciona, com maior procura na época estival, inclusive, eventos de solidariedade em prol de instituições e colectividades courenses. Por norma o trabalho para essas instituições é gratuito. “É também uma forma de ajudar e colaborar”, explica Lúcia Carvalho.
Com um gosto especial pela confecção dos pratos tradicionais, sente-se habilitada para qualquer confecção, inclusive ementas vegetarianas, hoje em dia muito na onda.
Com um rol de estórias vividas ao longo de décadas dedicadas à cozinha, salienta os saudosos convívios promovidos pela Casa Courense em Lisboa, que reuniam à mesa, nas instalações da Casa Pia, mais de 1500 pessoas. “Participei em vários, era uma alegria contagiante”, garante Lúcia Carvalho.
Hoje, cozinhar para dezenas ou mesmo centenas de pessoas não é motivo de preocupação, face à experiência acumulada ao longo de uma carreira dedicada à cozinha. Adiantou ao NC, que o jantar de maiores proporções que confeccionou foi servido a 2000 pessoas. “Foi quando António Guterres veio até Paredes de Coura e o jantar foi servido na cantina da Escola Básica e Secundária. De início, as previsões apontavam para 500 a 1000 pessoas. A determinada altura, o meu padrinho, Pereira Júnior, então presidente da Câmara, veio à varanda e deparou-se com uma verdadeira multidão. Atrapalhado, solicitou a alguém do staff, para entrar em contacto comigo, para acrescentar arroz nas panelas, porque a gente era muita mais. Assim fiz. Era arroz à valenciana e conseguimos dar de comer a toda gente”, confessando a nossa cozinheira que este evento foi o que maiores calafrios originou “mas que se resolveu a contento de todos”.
Gostando muito daquilo que faz, sempre nos foi dizendo que não se revê “fora das panelas e dos fogões. A cozinha é uma paixão e um amor para a vida”.