O XXIV Governo Constitucional tomou posse na passada terça-feira, dia dois de Abril, que, e apenas por coincidência, sucedeu ao dia da mentira. Falta saber, caro leitor, qual será a mentira ou a verdade que se esconde atrás desta cerimónia recheada de sorrisos e elogios.
Temos um Governo de minoria, que me atrevo a classificar como absoluta. Temos a concórdia envolvida com a discórdia, e vice-versa. Mas o que mais me preocupa é termos conseguido uma chama que só se mantém acesa se uma mão alheia e descomprometida a proteger.
Apesar dos dissabores ocorridos na entrada mal confeccionada deste repasto, com as várias tentativas para a eleição do presidente da Assembleia da República, as bocas não pararam de mastigar ou de abrir e fechar, caro leitor, talvez por receio de uma possível indigestão.
Ansiosos pelo prato seguinte, lá se descortinou uma maneira de manter a tal chama acesa, e foi escolhido o presidente da A.R., ou os presidentes, para ser mais precisa. Dividir para reinar! Será essa a estratégia? O que virá a seguir, caro leitor?
O impasse desta escolha nada teve que ver com a competência dos candidatos apresentados para dirigir a Assembleia da República, parece-me que neste ponto as escolhas foram felizes. De relevar que o actual presidente da A.R. foi eleito pelo nosso distrito, pelo Alto Minho. E esquecendo o para-quedas que o trouxe até cá, talvez pela mão de uma estrutura fraca, o escolhido para encabeçar a lista de deputados da AD por Viana do Castelo pareceu-me do bem, e digo-o porque este fez questão de ouvir os agricultores em Paredes de Coura. E fê-lo de forma aberta e sem subterfugio, e sobretudo sem a pretensão de se impor, demonstrou um interesse notório sobre as nossas verdades e mostrou aquilo que um líder deve ser capaz de fazer. Transmitir confiança e sabedoria sem se impor, ouvindo muito e falando pouco, mas com assertividade. O que já não é muito comum nessa classe que se queria mais profissional do que prepotente.
A maioria dos eleitos mostra-se confiante, destemida e bastante sorridente perante um hemisfério tão colorido, um pouco ou demais tricolor, e cujas fatias heterogéneas não parecem conseguir encaixar-se. Ou quando o fazem, tudo parece azedar. Talvez estes ainda não saibam em que posicionamento o devam fazer. Esperemos para ver o que daqui advém. Muita discussão teremos com certeza. A oposição é saudável desde que não se transforme em barreiras intransponíveis para o país e suas gentes.
Temos um plantel com ministros a priori competentes, e que assim se mantenham por muito tempo. O país precisa dessa competência. Os portugueses ainda mais. Mas estes últimos precisam sobretudo de serem gratificados por cumprirem com a sua parte. Aquela de manter os cofres do Estado bem recheados e apesar de verem os seus a esvaziarem-se. Porque se o dinheiro lá está, mais importante de que como lá foi parar é valorizar quem o lá colocou. E a que custo!
Ansiamos por sustentabilidade, por isso deixem-se de habilidades.
Apenas queremos viver, e se possível bem.
Queremos respeito, porque merecemos tal feito. Queremos poder sorrir, deixem-nos sorrir também.