DISCURSOS

Opinião

Serão os discursos assim tão importantes?

Quantas pessoas conseguem ouvir um discurso até ao final? Eu, talvez ao contrário da maioria, gosto de ouvir discursos. E quando me sento para ouvir, ouço, interpreto, analiso e memorizo algumas frases que se repetem vezes sem conta.

Repetem-se porque identificam o seu dono. Repetem-se porque não passam de frases feitas. Repetem-se porque dizem muito e não dizem nada, mas ficam no ouvido dos mais distraídos. Ou repetem-se porque simplesmente fazem sentido.

Há alguns dias, e uma vez mais, sentei-me para ouvir. Ouvi palavras de políticos e não só. E isso durante um acto inaugurativo na Escola Básica e Secundária de Paredes de Coura.

A escola beneficiou de obras de requalificação. Obras aguardadas e merecidas. Ficou com melhores condições e instalações dignas para acolher os nossos jovens courenses. Gostei do que vi. Fiquei bastante satisfeita pelo facto de estarem a usar a contribuição de todos nós em prol de melhores condições para a educação dos nossos jovens, dos filhos deste concelho. Parabéns a todos os que decidiram e conseguiram tal proeza.

Mas, caro leitor, tal proeza não é mais nem menos do que se espera em troca do dinheiro que todos nós descontamos mês após mês, dia após dia, em todos os momentos em que decidimos comprar algo. Mesmo que esse algo não seja mais do que o essencial para viver. E quando esse dinheiro é bem utilizado, todos ficam felizes.

Os utentes, os decisores, principalmente os contribuintes. E louvor também seja atribuído a quem de direito. Algo que é constantemente esquecido nos discursos políticos. Que se vangloriam do que conseguiram. É importante nunca esquecer que estes conseguem tais proezas sobretudo à custa de todos os portugueses, isto é, de todos os contribuintes.

Que o dinheiro disponível para gastar, infelizmente, nem cai do céu, nem nasce do nada. Nasce do trabalho árduo de milhares de famílias portuguesas. E sem esses tostões ou milhões, nenhum decisor, nenhum político, consegue tomar decisões que envolvam financiamento. Mesmo quando falam dos dinheiros europeus, esses também dependem da nossa contribuição, aliás, da contribuição de todos os europeus. E isto, caro leitor, é porque mais do que portugueses, nós somos europeus, somos Europa.

Voltando aos discursos. A directora do Agrupamento apresentou um discurso objectivo e bem conseguido no qual conseguiu transmitir de forma simples, elegante e directa o que pretendia. Um discurso breve e sem subterfúgios. Bem à medida da pessoa, da gestora e da professora que é. Uma pessoa íntegra e humana, uma profissional que eu admiro e respeito.

De seguida ouvi mais umas palavras do presidente dos courenses, e se não é de todos os courenses, não está muito longe deste feito, bem patente nos resultados das últimas eleições autárquicas. E este é um presidente que não discursa. É um presidente que conversa com a plateia que pretende atingir, cativar ou agradecer. Foi, como nos vem a habituando, um discurso querido, com o seu “olá” inicial tão característico. Foi um momento de agradecimento. E um momento de amizade para como o Ministro Courense.

Por fim, ouvi o Exmo. ministro da Educação, dr. Tiago Brandão Rodrigues. O nosso conterrâneo, um courense que todos conhecem. Este último apresentou um discurso muito bem estruturado. Um momento bem conseguido. Poderá até ter sido este minuciosamente trabalhado. Gostei de o ouvir. Foi coerente, foi assertivo, foi inteligente e foi emotivo. Uma emoção sentida e que tocou os mais atentos. E nas palavras que ele teceu, consegui sentir que este assumiu o papel que lhe foi entregue de corpo e alma. E o certo, caro leitor, é que esta pasta não é das mais fáceis. Todos sabemos que é difícil agradar a gregos e troianos ao mesmo tempo. Diria até que é impossível.

Tudo o que acabo de escrever é uma opinião minha, caro leitor. E não passa disso mesmo! Foi baseada em actos e também em discursos. E voltando à questão que abre esta crónica de opinião, serão os discursos assim tão importantes?