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E agora?

6 de Outubro de 2015 | José Manuel Alves
E agora?
Opinião

Esta crónica está a ser escrita ainda antes de sabermos os resultados das eleições legislativas. Por isso, as hipóteses que vou formular podem, ou não, ser coincidentes com os resultados eleitorais de 4 de Outubro e com o que vai acontecer nos dias imediatos. O Presidente da República afirmou, recentemente, que sabe muito bem o que vai fazer no dia 5 de Outubro. Só esperamos que, o que venha a fazer, o faça bem, para bem de Portugal e da democracia. No entanto, somos da opinião, e tudo aponta para que isso aconteça que, desta vez, não haverá maiorias, dado que a distribuição de votos será maior. Ganhe a coligação que está no poder, ganhe o maior partido da oposição, a força política mais votada terá que negociar com outro(s) partido(s), a fim de poder ter uma maioria no parlamento e mesmo para formar governo, caso haja necessidade. Não acredito que a actual coligação venha a obter resultados positivos e, muito menos, que tenha uma maioria. Caso ganhe, sem maioria, só lhe resta negociar com a oposição, a fim de poder governar sem sobressaltos, mas não acreditamos que essas forças políticas se possam coligar com quem nunca se entenderam durante esta legislatura e a quem acusaram, constantemente, de má governação. Como na política a lógica, muitas vezes, não tem lógica nenhuma, devemos estar preparados para tudo… Até para isso! No fundo, estamos convictos que haverá bom senso.

Na hipótese remota de se manter a actual maioria, iríamos continuar com o mesmo descalabro governativo e Portugal caminharia, a passos largos, para a perda total da sua independência, a favor dos interesses dos países mais ricos da União Europeia (EU) e, sobretudo, da senhora Merkel. O nosso país ficaria ainda mais despovoado, como, aliás, já vem acontecendo ao longo dos últimos quatro anos! Segundo as estatísticas, nos primeiros meses de 2015, saiu de Portugal meio milhão de portugueses, sobretudo jovens, à procura de perspectivas de uma vida melhor que o actual governo lhes tem negado constantemente. Aliás, o primeiro-ministro, logo no inicio da sua governação, mandou-os emigrar… E eles, coitados, não tiveram outra alternativa. Até eu, cujas perspectivas futuras já não são muitas e não tendo idade para emigrar, se não tivesse uma vida organizada e possibilidades de aqui viver, posso afirmar que também me poria a andar… Custa-me ver este país, que tanto amamos, a ser destruído e vendido ao desbarato!

Durante a campanha eleitoral, os partidos do poder pedem sempre a maioria ao eleitores, mas governar com ela não é bom para a democracia. Um governo com uma maioria absoluta é uma espécie de ditadura, onde a prepotência e a arrogância, andam sempre de mãos dadas. Ninguém quer ouvir ninguém!… Quem está no poder, acha-se senhor de toda a verdade e segue a regra do quero, posso e mando.

E se o PS ganhar as eleições sem maioria, que irá acontecer? Será que os partidos à sua esquerda irão ter, finalmente, a possibilidade de participarem numa coligação? Não sabemos o que está na cabeça dos seus dirigentes, mas pensamos que é chegada a hora da esquerda ajudar a reconstruir o país, que é de todos, para ajudar a pôr um travão a todos os desmandos deste governo que durante estes quatro anos, apenas defendeu os interesses dos mais ricos e poderosos, tornando os ricos mais ricos e os pobres mais pobres! Caso haja essa possibilidade, de certeza que, logo a seguir, os profetas da desgraça (os conservadores e os menos esclarecidos) virão a terreiro dizer que vai acontecer como na Grécia e que Portugal vai ficar pior… Só não dirão que a UE e os organismos que dela dependem, irão boicotar as ajudas de que necessitamos e tomarão medidas impeditivas de uma governação independente. Para eles, a esquerda não pode ocupar o poder, mas um partido minoritário de extrema-direita pode e já lá está há quatro anos e até têm um vice-primeiro-ministro… que se tem esfarrapado todo na campanha eleitoral, tentando influenciar os menos esclarecidos.

Esperamos que os portugueses nunca fiquem em casa no dia das eleições e que façam valer o seu direito de voto, pelo qual milhares de portugueses lutaram, ao longo de quarenta e oito anos de ditadura, pagando, alguns deles, com a prisão e a própria vida, a sua luta. Uma grande abstenção significaria que não estão interessados em participar na vida democrática do país, nem neste tipo de regime e isso seria péssimo e nefasto para a nossa liberdade. Ao votarmos, temos a possibilidade de derrotar os “vende pátrias” que sempre existiram. Às vezes, penso que há necessidade de “ressuscitar” alguns heróis do passado, encarnando o seu patriotismo e o seu fervor na luta pelo engrandecimento de Portugal. Só assim, continuaremos a ser um país livre e independente para nos projectarmos no futuro.

Portugal não é uma nação rica, como todos sabemos, somos, apenas, uma pequena pátria com 872 anos de existência e com uma história fantástica e invejável e que, pressionados pelos vizinhos do lado, ao longo de toda a história, e a quem chamamos “nuestros hermanos”… tivemos que partir pelo mar fora à procura de outras paragens e de outras dimensões. Fomos os primeiros e não o fizemos sempre da melhor maneira, mas espalhámos a civilização ocidental e fundámos impérios. Um dia, regressámos ao ponto de partida e voltámos a ser invadidos, mas agora são os “bárbaros” do Norte que nos arrasam e querem acabar connosco e até dizem que não queremos trabalhar!… No entanto, o que Portugal tem de melhor é o seu povo, que tem uma grande capacidade de trabalho e de adaptação a qualquer latitude. Ao longo de 500 anos, deixámos as nossas marcas e influências desde o Oriente, à América do Sul e África. Nós não podemos deixar morrer este passado que tanto nos orgulha e não devemos esquecer que a Língua Portuguesa é a quinta mais falada do mundo. Ao longo da nossa história houve sempre quem se pusesse ao serviço das potências estrangeiras. Aconteceu na crise de 1383-1385 e, mais tarde, em 1580, e isso teve como resultado a perda temporária da nossa independência. Por isso, devemos combater, com todos os meios legais ao nosso alcance, os traidores para que o nosso querido país se liberte das garras da UE e das suas imposições. Não deveremos esquecer, nunca, a imagem das várias chegadas da Troika a Portugal e da sua postura arrogante e o desprezo que evidenciavam pelos portugueses. Nem devemos esquecer que vivemos 843 anos sem eles! Um dos meios legais de luta, é votar contra quem defende a permanência neste organismo.

Não sabemos o que vai acontecer dia 4 de Outubro, esperamos que os portugueses votem (ou tenham votado) em consciência e não venham a arrepender-se, mais uma vez, de uma má opção.

Está na hora dos portugueses escolherem o seu futuro e o futuro de Portugal!

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