Gosto de futebol. Mas não percebo muito de futebol. É nestas alturas em que acontecem grandes provas, como o Campeonato do Mundo, que vou tirando com o meu filho algumas dúvidas sobre este desporto. Cheguei há dias à conclusão de que, no fundo, não é no Campeonato do Mundo que se vêem quem são, de facto, as melhores equipas de futebol (retenham: equipas). Estamos a falar de uma competição que, logo à partida, impõe que cada equipa tenha todos os jogadores da mesma nacionalidade. José Mourinho já defendeu isto mesmo e sublinhou que a melhor prova de futebol do mundo é a Champions League (ou Liga dos Campeões). E com toda a razão. Não há qualquer condicionalismo desta natureza na constituição do plantel. E aí sim, é possível chegar-se à melhor equipa de futebol do mundo que hoje é, como sabemos, o Real Madrid.
Não só no presente como num passado mais recente ou mais distante já todos vimos casos de jogadores que foram grandes estrelas nos respectivos clubes e perdiam algum brilho nas selecções onde jogavam. A razão era basicamente única: a qualidade da equipa era notoriamente menor. Eles, por si só, quase nada valiam sem aqueles jogadores também de nível elevado que os acompanhavam nos jogos do campeonato entre clubes.
São muitos os que hoje percebem que Cristiano Ronaldo ou Lionel Messi têm mais dificuldade em marcar nas respectivas selecções do que nos seus clubes. Mas poucos são aqueles que conseguem tirar lições para a vida deste fenómeno. Este é mais um daqueles casos que nenhuma pessoa consegue ser como o sol… brilhar por si mesma. Precisa sempre de uma equipa, seja ela pequena ou mais vasta.
São muitas as vezes em que vemos na televisão um humorista ou então uma banda de rock a fazer atuações esplêndidas. Passamos o dia a falar deste ou daquele artista que deslumbrou no palco de um coliseu qualquer. Mas esquecemo-nos que por detrás dessa pessoa ou dessa banda pode estar uma imensidão de gente a trabalhar apenas para o sucesso de um… ou de poucos. Muito poucos.
Na maioria das profissões saber trabalhar em equipa é imprescindível, principalmente quando o caos se instala, quando a carga de trabalho parece não ter fim a vista. Se os membros da equipa se conhecerem bem, a distribuição de tarefas faz-se quase que naturalmente, a bola passa certeira de uns para os outros até chegar à baliza. As hierarquias devem ser respeitadas mas nunca devem servir para separar a equipa, e muito menos para diminuir alguns elementos da mesma. Todos têm o seu valor próprio e a equipa é uma só. E eu, particularmente, gosto muito da pequena equipa de trabalho onde me integro. Somos poucos mas temos o espírito certo! O Espírito de Equipa!
E na política? Exatamente igual. Um líder político tem de ter um carisma natural. Uma personalidade forte e a audácia necessária para conduzir o seu partido aos melhores resultados. Mas sem uma equipa enorme, nunca irá a lado nenhum. Para além de vasta, terá de ser uma equipa de qualidade. Na qual ele se integre e que lhe passe a bola para fazer os golos tão necessários ao partido. Uma mudança drástica na equipa poderá significar, claramente, uma perda de brilho ou até mesmo a queda do líder político. Já todos vimos isso também. Ainda há aqueles que demoram a perceberem isso. Será pouca a sabedoria ou será o interesse demasiado alto para pôr fim ao jogo sem equipa?
Posto isto, temos aquela expressão “orgulhosamente só” que equivale quase a um suicídio em todos os campos da vida. Seja no desporto, na música, na política, no trabalho… etc… Ninguém consegue nada sem uma equipa. Não é lei, mas podia perfeitamente ser. Até porque, se atentarmos a vários emblemas clubísticos pelo mundo fora, há tantos que nos lembram esta verdade. A começar desde logo pela equipa do meu coração, o Benfica, onde lemos: “E pluribus unum” (Um por todos e todos por um). Mas outro dos meus favoritos é o do Liverpool, clube inglês, que nos dá a mensagem de forma incrivelmente clara: “You’ll never walk alone” (Nunca caminharás só).