Depois de apresentado em Lisboa, “Tem-te não caias” vai agora ver a luz do dia em Paredes de Coura, no dia 28 de Abril, às 18 horas (e não às 21 como antes havia sido dito), na Biblioteca Municipal Aquilino Ribeiro. Manuel Tinoco terá a seu lado nesta sessão literária José Augusto Pacheco, Vítor Paulo Pereira e Mónica Pereira, jovem redactora do NC.
Deixamos de seguida um excerto do Prefácio do livro de Manuel Tinoco, da autoria de Assírio Bacelar:
“Que Manuel Tinoco manejava bem a língua portuguesa, já eu o sabia. Demonstrava-o plenamente o seu livro, “Vou ali e já venho”, onde, numa linguagem destra, viva e impressiva, deambula por uma vivência feita de presente e passado, que, no capítulo II, abarca figuras, lugares e tempos que também eu conheci e vivi, pese embora a diferença de idades que nos separa.
Um livro de estreia que, como lhe disse depois de o ler, não podia ser mais promissor para quem almeja afirmar-se no campo das letras. Da musa que o inspirou, e à qual se deve o tocante livro de crónicas, “Estimei ver-vos”, só podia resultar um igual amante da escrita.
Decerto terá sido por força dessa benéfica e feliz influência que Manuel Tinoco decidiu revelar-nos neste seu novo livro, “Tem-te não caias”, a sua faceta de poeta. Isto é, abordar uma outra expressão literária onde nem todos se aventuram e muitos dos que se atrevem a fazê-lo, o fazem sem qualquer talento, ficando-se por uma confrangedora mediocridade que só encontra acolhimento em quem não sabe distinguir o trigo do joio. E isto porque a poesia é, numa definição breve e simples, a expressão e comunicação da experiência humana em linguagem significativa e sensitiva. Ou seja, uma arte que exige natural vocação poética, domínio da língua em que se exprime, elevação e singularidade de pensamento, um bom conhecimento dos seus vários géneros e expressões e muita leitura. Sobretudo de poetas como Camões, Guerra Junqueiro, Fernando Pessoa e Antero de Quental, para só nomear quatro dos que mais alto elevaram essa expressão maior da nossa literatura, dentro e fora do país.
Conquanto o livro abra com poemas alusivos à idade dos primeiros amores, e por isso estejam carregados de paixão, amor, erotismo e sexo, numa profusão de sentimentos contraditórios próprios dessa idade, mais adiante nos surgem poemas da maturidade que nos falam da vida, da natureza, do homem e da sociedade em que vivemos, que, no seu verso e reverso, como Manuel Tinoco bem releva, tanto nos pode insuflar o desejo e a alegria de viver, como provocar-nos sofrimento e infelicidade. Aspecto este último que poderíamos mitigar se, como diz Albert Camus no seu livro O Mito de Sísifo, «Antes de ganharmos o hábito de viver, adquiríssemos o hábito de pensar».
Num registo diferente, temos poemas de crítica social, como “O coito da vida”, “De dedo enfiado no nariz”e “Utopia”, em que Manuel Tinoco, num tom acre, expressa o seu desencanto e revolta perante os aspectos negativos (egoísmo, cinismo e hipocrisia), de uma sociedade que se pretende moderna e progressista.
E a fechar essa parte, em prosa poética, esse comovente hino de amor que dedica à sua mãe e do qual reproduzo um dos passos que mais me cativaram e certamente cativará quem ler este livro:
«Chegava a casa e saltava para o teu regaço. Tu estavas sentada naquele cadeirão e pedias-me para não dar um salto assim que me podia magoar. O meu salto, meu Amor, era a confirmação, dia após dia, da tua imortalidade; o meu salto eram 57 anos a saltarem de felicidade.»”