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HOMENAGEM À MINHA AVÓ ERMINDA, 98 ANOS

3 de Novembro de 2020 | Utilizador Independente
HOMENAGEM À MINHA AVÓ ERMINDA, 98 ANOS
Destaque

Nasceu em 1922, é natural da freguesia de Linhares do lugar de Arestim e viveu ali até completar 20 anos. Conheceu o marido na romaria do Senhor do Amparo, namorou e casou no mesmo ano.

Casada com José Fernandes, natural da freguesia de S. Martinho de Coura (já falecido), em 1942 rumaram até à capital onde ele era proprietário de uma carvoaria em Xabregas e ela tornou-se vendedora de leite ambulante, carregava à cabeça litros de leite que ainda durante a madrugada distribuía pelas portas daqueles que cedo começavam o dia.

Em curto espaço de tempo ficou em estado de graça e viveu a sua primeira gravidez na cidade que lhe permitiu ter um parto hospitalizado. Mas com o passar do tempo, as saudades da família (Lisboa não era ali lado) e com o medo que se vivia em pleno regime salazarista sentia-se como um pássaro dentro de uma gaiola e em 1945 regressou à sua terra de origem.

Desta vez fixou-se em S. Martinho de Coura (onde reside actualmente) e viu ali ao lado, na Serra d’Arga – Caminha, na colheita de volfrâmio, uma oportunidade de trabalho.

Por algum motivo que agora a memória não lhe permite alcançar, trocou a azáfama mineira pela lavoura, dedicando-se a actividade agro-pastoril. Outrora teve dois bois de cobrição e duas vacas que a auxiliavam na exploração agrícola, era proprietária de terrenos de regadio próprio que lhe permitia a produção de linho, possuía um tear onde passava serões em família a tecer a lã e o linho.

E assim era o dia-a-dia da minha avó, trabalhava no campo desde o nascer do sol até ao pôr do sol, teve e criou 6 filhos, todos frequentaram a escola e concluíram a 3ª classe (meninas)/4ªclasse (meninos).

O meu avô era taxista de profissão, teve praça em Formariz e também S. Martinho (Guerreiro). Tiveram uma vida modesta e viveram a dureza que a agricultura assim exige, ultrapassaram as dificuldades que a marcaram no tempo, principalmente a fome, as doenças, os anos de má colheita, etc. Possui como riqueza uma vasta família de 6 filhos, 19 netos e 24 bisnetos.

Viúva há 18 anos, é a matriarca da família e o exemplo para todos nós. Desde que me lembro da minha avó posso descrevê-la como mulher genuinamente minhota, pelo seu amor ao trabalho, e a forma bravia, alegre e satisfeita como o executava. Andava sempre de mangas arregaçadas, vestia saia, saiote e avental e usava cabelo em poupa, era uma mulher humilde e sem peneiras, os seus adornos era uma enxada num ombro e uma foucinha no outro. Hoje em dia continua a ser o sol que lhe dita as rotinas, embora se note os sinais da longevidade continua a ser destemida, já conta 98 anos e não depende de medicação para viver. Enche-nos de orgulho tê-la nas nossas vidas.

A Tia Erminda da Calçada, como todos carinhosamente a tratam, estará para sempre nos nossos corações. Prometo continuar a visitá-la até quando nos for possível.

(A Neta Madalena Montenegro)

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