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Nem tudo o que se lê é

8 de Junho de 2021 | Helena Ramos Fernandes
Nem tudo o que se lê é
Opinião

O ser humano é naturalmente curioso, atento ao que acontece ao seu redor. E é essa curiosidade nata e por vezes nociva que o coloca muitas vezes em situações ingratas e de injustiça. Principalmente quando essa curiosidade é associada a informação fácil e falsa que o leva a que seja enganado. E que seja levado a acreditar no que lhe é transmitido sem por vezes perceber que está a ser manipulado. E quem é culpado nesta situação, o que enganou com informações erradas ou o que cometeu um erro com base nessa mesma informação? Para mim, os dois!

Vivemos, caro leitor, numa era onde a informação está naturalmente disponível. É possível hoje, fruto do avanço tecnológico, aceder a essa mesma informação em qualquer lado e a qualquer momento. Esta chega-nos mesmo quando não a procuramos. No entanto temos que contar também com a outra face da moeda, a desinformação é igualmente de muito fácil acesso. Aliás a desinformação é o que mais se veicula actualmente pelas redes sociais e outros meios de comunicação não profissionais.

Ouve-se cada vez mais falar de notícias falsas, de ‘fakes news’, de afirmações com base em factos errados, de vírus informáticos que disseminam burlas e a não menos nociva manipulação da informação em proveito de algo. Mas estes meios também servem para condenar terceiros com base nessas informações muitas vezes deturpadas ou mal explicadas, o ‘bota abaixismo’ e o ‘face_das_bocas’ como é carinhosamente nomeado por um grande amigo de Paredes de Coura. Todos nós já ouvimos falar disso. Mas a grande maioria de nós ainda considera que não cai nem tão pouco cairá nesse tipo de cilada. Mas, vai que vai, e acontece. Sim, caros leitores, podemos tropeçar no erro com base na falsa informação. Falo também das condenações que podemos fazer com base na desinformação ou falsa informação ou, na maioria das vezes, informação manipulada.

Para nos protegermos dessa epidemia da desinformação devemos sobretudo, quando nos queremos manter informados, fazê-lo através dos meios profissionais e devidamente controlados que temos ao nosso dispor. Os jornais, as notícias transmitidas pela rádio e televisão, e outros meios oficiais e legais, devem ser as fontes principais para a nossa sede de curiosidade. Obviamente que devemos seriar o que lemos ou ouvimos, podemos averiguar um pouco, mas devemos sobretudo estar atentos, e as vezes, em determinadas situações ler ou ouvir opiniões contrárias.

Nem sempre o que se lé é, mesmo que seja para quem o escreva. Ou por que expõe a situação com base numa interpretação pessoal dos factos, podendo essa ser mal-intencionada ou manipulada por um estado de espírito. Dou-vos um exemplo, caro leitor, se me fosse solicitado escrever sobre alguém de quem não gosto, ou alguém que me fez mal pessoalmente, não iria conseguir a neutralidade emocional para o fazer. E isto porque não sou nenhuma profissional de comunicação. Porque se o fosse, talvez, não deixaria que a emoção me toldasse a razão. E escreveria, caro leitor, sem que esta contaminasse a minha razão.

E se nem tudo o que se lê é, é porque nem tudo o que se escreve foi.

 

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